sábado, 15 de julho de 2017

APRESENTAÇÃO DA EXPOSIÇÃO «Lacus in Bracara Augusta»

Teve lugar, ontem, pelas 18 horas, a inauguração da exposição «Lacus in Bracara Augusta», DE Miguel Louro, na Fonte do Ídolo. Junto apresento o texto que foi lido na ocasião:

Não me vou expressar sobre a vida do médico Miguel Louro, mas da sua obra que se dispersa por muitos livros já publicados, por muitas exposições em Portugal e no Estrangeiro.
A fotografia de Miguel Louro, além de revelar uma imaginação criativa e sensibilidade humana, é o instrumento de uma memória social e cultural e um documento da realidade. Cada imagem mostra muito mais do que os olhos podem ver. É o resultado do vivido, de um ato de investimento de sentido, uma leitura e uma investigação.
Esteticamente, cada imagem ilustra e salienta um lugar escavado no tempo, indaga e interroga os homens que possibilitam essa aventura, congelando a realidade, o que lá está ou o que lá esteve, fruto de um momento irreconciliável do presente com o passado.
Sobre a fotografia de Miguel Louro não podemos ficar indiferentes, ou nos impressionam, nos comovem, nos incomodam, ou nos imprimem, em nós, sentimentos contraditórios. Capta, de forma soberba, novos lugares realidades patrimoniais, revela um novo olhar sobre a beleza desses espaços, conta uma história, acrescenta algo ao que é mostrado, grava cenas (documentos do real) cristalizadas em diversos tipos de suportes, umas vezes em papel, outras em tela, cabendo a nós saber descodificá-as e descobrir o seu propósito.
Durante milénios, fomos evoluindo à medida que soubemos interpretar os dons da Natureza. A sua influência na vida humana contribuiu definitivamente para descobrirmos também a nossa vertente espiritual. 
Mas hoje também não estaria com demoras sobre a obra fotográfica de Miguel Louro, pois, ainda, recentemente, tive a ocasião de me expressar longamente aquando da apresentação de mais um dos seus livros Sameiro, a beleza da devoção.
Hoje estaria mais interessado em falar da temática escolhida, através da qual deu largas à sua imaginação e criatividade: a temática da água.
Falar desta temática é um fundo sem fim, deste modo permitam-me aludir a alguns pontos que sendo evidentes são dos mais importantes:
1- a água como fator de ligação à natureza, fazendo parte da sua estrutura, como um dos 4 elementos fundamentais da existência do Ser Humano: o elemento Água, Terra , Ar e Fogo, essenciais para a existência da vida e do seu desenvolvimento.
Quase que poderíamos dizer que a Terra representa as sensações; a Água os sentimentos; o Ar o pensamento e e o Fogo a intuição e ação.
 2- Como dizia Lavoisier «na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma». Ao descobrirmos a influência da água nas nossas vidas, todos deveríamos ser capazes de nos adaptarmos a ela e evoluirmos enquanto espécie.
3- Depois segue-se a representação da água em todas as suas formas e estados, desde a pureza até à negra poluição, desde a sua representação em grutas, cascatas, fontes, lagos, minas, nascente, rios, correntes, catadupas, desde a forma como a recebemos de mão dadas, em bicas, torneiras, carrancas, nichos, galos, etc…
4- Não esquecemos, obviamente, algumas funções vitais da água, como retemperador, como purificadora, como saciadora da sede, como Fonte de Vida «eyus fluent aquae vivae».
5- Já para não falar nos infinitos aproveitamentos deste Bem que Deus nos deu: a Água.



José Carlos Gonçalves Peixoto