quarta-feira, 9 de junho de 2010

SEDUZIR


«SEDUZIR» é o título de um nosso artigo publicado na Revista Andarilho, n.º 34, de 01 de Junho de 2010.
SEDUZIR
Não venho discorrer sobre o poder, a arte, os mitos e os ícones da sedução, como Marilyn Monroe, George Clooney ou Soraia Chaves.
Antes fazer um exercício de sedução reportado à educação.
A relação professor-aluno deve ser motivadora, entusiasmante e cativante, pois não se consegue mudar o outro, se não houver fascínio, envolvimento, deslumbramento pela mensagem, pelos conteúdos e pela interiorização de competências.
Nesta relação entre o que se ensina e o que se aprende, todos os actos, todos os hábitos e costumes, todos os feitios e maneiras de ser, todas as omissões, todas as palavras, todos os silêncios estão ligados em cadeias infinitas de causas, que, por sua vez, são efeitos de outras causas. Nesta teia de causa-efeito, a dedicação e atenção do professor é crucial, paraimage que a alegria substitua a tristeza, o humor o lamento e a luz a escuridão. Atingir o conhecimento é conseguir a plenitude da luz.
Obviamente que é importante encontrar o registo adequado, diferenciado de aluno para aluno, e o perfil certo para cativar.
Pode-se ser simples, andar um pouco perdido, estar desmotivado por causa do sistema, mas ser simultaneamente apelativo, um líder junto dos alunos, que exerce uma atracção à qual é difícil de resistir e que aposta, de modo único, nas expectativas.
Com os pés assentes na terra, encontramos professores com um «je ne sais quoi» que interpela, prende a atenção, na fase da aprendizagem, da descoberta e do aprofundamento, que seduz pelas ideias, pelos exemplos, pela abordagem, pelas metodologias, pelo modo como expõe os assuntos, pelas causas, pelas actividades e pelos projectos.
Por vezes basta um sorriso, um olhar, um gesto, uma palavra, uma apresentação, o tom de voz, a persistência, o elogio, o cumprimento das regras, a organização, a disciplina assumida, para seduzir, para valorizar, para influenciar e para transmitir.
Recordamos os professores, sobretudo, pelo modo como nos influenciaram, pela sua atitude, alma, intuição, prática e valores.
Um bom professor encanta.
Prof. José Carlos Gonçalves Peixoto