(Texto lido na Missa do 7.º dia, no Santuário do Bom Jesus do Monte, em 17-08-2010)
Serve a presente mensagem para, em nome da confraria do Bom Jesus do Monte, prestar uma singela homenagem e a nossa gratidão ao Presidente Honorário da Confraria, Cónego Doutor José António Gomes da Silva Marques.
Poderíamos destacar algumas das funções exercidas, Vigário Judicial do Tribunal Eclesiástico, Chefe da Secretaria Arquidiocesana, Capelão, Pároco, Professor de Direito Canónico e de Teologia Moral, Director das Revistas «Teologia», «Palavra e Vida» e «Celebração Litúrgica», Vigário Geral e Vigário Episcopal para a Educação da Fé, Capitular da Sé de Braga, mas é como Juiz-Presidente da Confraria do Bom Jesus do Monte, durante mais de 21 anos, que a nossa Memória o recorda e que nunca se desvanecerá com o decorrer do tempo.
Quando falamos de história, temos o costume de nos refugiar no passado. A história não tem presente, apenas o passado que se vai precipitando para o futuro. É no passado remoto, já lá vão quase quatro séculos que encontramos a criação e a origem da confraria. Muitos foram os seus timoneiros. A história não vai esquecer um dos Juízes-Presidentes que mais tempo permaneceu neste cargo, que merece figurar na Galeria dos Grandes Presidentes e Benfeitores desta confraria.
A história julga não só os resultados mas também os seus propósitos. A ele se deve, a concepção, os projectos, o arranque e o enquadramento das obras de reabilitação do Bom Jesus do Monte que se realizaram ultimamente.
Não olvidamos o amor que nutria pela beleza da estância, pela riqueza do seu património, pela devoção à Cruz e ao Bom Jesus do Monte, como alguém que intuiu o chamamento de Deus e procurou corresponder, no dia-a-dia, a esse chamamento.
Acompanhámo-lo nos seus sonhos, nas suas preocupações, na preservação do legado dos nossos antepassados.
Envolveu-se intensamente e desinteressadamente na resolução de múltiplos problemas com uma determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem comum. Lutava contra as burocracia dos gabinetes, sempre por uma causa, a dignificação da estância, deste monte-sagrado, qual Jerusalém libertada, qual caminho para a Cruz e Jerusalém Celeste.
Se nos faltam as virtudes não temos nada. No convívio e nas relações imprimidas na Confraria, as suas qualidades essenciais mereciam a nossa admiração. Recordamos a sua frontalidade, a atenção e a sensibilidade que prestava a tudo o que girava em seu redor, ou seja, era um «amigo do seu amigo». Não concebeu o ministério sacerdotal como mero trabalho à procura de resultados pessoais, pois a razão de ser da nossa vida é a humanidade através duma mediação de serviço e doação.
O Bom Jesus era o centro da sua vida, mesmo quando a adversidade e a doença lhe bateram à porta. Dias antes da sua morte, da sua passagem para a vida eterna, veio celebrar a este santuário, à semelhança de tantas e tantas vezes. Veio dizer um até já ao Bom Jesus do Monte, pois, em conversa, desabafou que seria a última vez que celebraria neste templo.
Foi, com certeza, a última vez que peregrinou até esta estância, mas que se prolonga, agora, na Estância Celeste do Bom Jesus.
José Carlos G. Peixoto