Os jornais noticiaram, nos últimos tempos, diversas posições contra a imposição de Mega-Agrupamentos. A vaga de contestações passa por abaixo-assinados até artigos e posições de várias personalidades.
De um dia para o outro, as escolas foram confrontadas com a resolução do Conselho de Ministros n.º 44/2010, que formaliza a fusão de escolas, sem passar por um debate, sem permitir o teste da confrontação pública, sem ouvir as comunidades educativas. Em poucos dias desmorona-se o modelo de rede escolar vigente para implementar ideias de meia dúzia de iluminados que, sem experiência no terreno, têm poder para jogar com as pessoas, com a organização educativa e com o futuro de um país.
Mesmo sem avaliar a criação dos agrupamentos actuais e potenciá-los ao máximo, avança-se para a fusão de escolas e consequente criação de Mega-Agrupamentos, de forma precipitada, atabalhoada, sob o pretexto da irreversibilidade, e sem acautelar a sua operacionalização. Na óptica do Ministério da Educação é uma medida em nome da modernidade, da inclusão social e da igualdade de oportunidades pois permite criar unidades de gestão com 3.000 alunos, num primeiro momento, e 5.000 alunos, posteriormente, para além de permitir espaços partilhados por crianças de 6 anos com jovens de 18 anos de idade. Estranha maneira de conceber a educação e de pôr em acção teorias construtivistas, concretamente, o Desenvolvimento Cognitivo de Piaget e o Desenvolvimento Moral de Laurence Kolberg.
Do lado dos que apoiam estarão, com certeza, as razões economicistas, a poupança de algumas verbas à custa da racionalização administrativa.
Do lado oposto, estarão aqueles que dão prioridade ao pedagógico, ao cumprimento de projectos educativos, às escolas de referência, à dinâmica escolar, ao ambiente saudável, à educação personalizada.
A nosso ver esta medida vai na direcção errada e não acolhe propostas de bom senso.
Esta Filosofia da Educação é racional?
Obviamente que este processo será um retrocesso e ao arrepio dos movimentos sociais e organizacionais. Pensar a educação para grupos mais pequenos, colherá mais frutos no futuro e os resultados influenciarão o rumo da sociedade em geral. Estruturas com milhares de pessoas tornam-se ineficientes e inúteis.
O Estado tem mostrado a sua omnipotência em tudo, deixando a liberdade dos seus cidadãos pelas ruas da amargura, deixando a sua capacidade de intervenção a uma reduzida expressão significativa.
Insinua-se no documento legal, acima citado, que a dimensão das escolas contribui para a promoção do sucesso escolar e combate o abandono. Não estamos certos disso, antes, pelo contrário, a massificação despersonaliza e conduz ao desânimo. Por outro lado as Escolas Secundárias, que não têm experiência, história e cultura de agrupamento, irão conduzir este processo constituindo-se em sede de agrupamento de escolas.
Temos de fazer um esforço comum para sair desta crise que não provocámos, mas reconheço que, por vezes, esse empenhamento não surte efeitos pois os políticos não pensam a longo prazo. O facilitismo, o trabalho sem escrúpulos para as estatísticas são inimigos da qualidade, da educação para a excelência e da verdade que é sempre absoluta, exigente e cintilante. Estes políticos não se importunam com a importância do não dito, nem com a violência passiva pois contam com o comportamento cordato do povo português.
Por mais que se sonhe, com uma educação melhor, quem comanda não é o sonho, é a realidade e esta despachou. Somos descendentes de grandes navegadores, mas economicamente somos tão pequenos que não ameaçamos ninguém e ameaçamos o futuro da educação, base do desenvolvimento sócio-económico de um país. Na bíblia temos uma expressão que nos conforta «Perdoai-lhes, Senhor, porque não sabem o que fazem».
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