domingo, 18 de janeiro de 2009

O SANTO PADRE CRUZ E O COLÉGIO DE S. CAETANO

Uma das grandes honras do colégio é, com certeza, a de haver tido como Director Interno o Dr. Francisco Rodrigues da Cruz, a quem Portugal inteiro carinhosamente chama o Santo Padre Cruz.
O magistério docente no Seminário de Santarém, como Professor de Filosofia, era deveras preocupante para a sua débil saúde. Por esta razão se afastou para gerir o Colégio dos Órfãos de S. Caetano, em Braga.
Viria a presidir aos desígnios desta instituição, durante oito anos (1886-1894), tendo grande influência nesta chamada D. António José de Freitas Honorato (1883-1898).
Vários episódios ilustram a sua preocupação pela educação dos alunos: as visitas à Falperra, seguidas de almoços melhorados e uma merenda, paga com as suas economias; as lágrimas que lhe corriam pelas faces, ao suplicar-lhes que se não deixassem escravizar pelos maus hábitos e os exemplos do Mestre, que correspondiam às virtudes que pregava. A educação que ministrava era um desafogo do braseiro de piedade que sempre ardeu no seu coração, dizia o Sr. P. Fernando Leite, sacerdote jesuíta. Cada manhã, antes da missa quotidiana, punha em evidência, durante quinze minutos, pontos nodais de reflexão sobre alguma passagem evangélica. Estimulava os alunos ao estudo e à aprendizagem dum ofício. Um dos maiores sucessos do Santo Padre Cruz consistiu nos 12 jovens que foram ordenados sacerdotes.
A sua actuação era discreta, eficaz e o seu zelo ia de sol a sol, do levantar ao deitar. As actas da CA descrevem, somente, os seus bons serviços e indicam a gratificação que durante anos usufruiu: 50$000 rs.
Mas a sua saúde não estava à altura das exigências de uma direcção eficiente. As continuadas dores de cabeça, associadas a um esgotamento cerebral, forçavam-no a permanecer no leito de dor dias seguidos. Desta forma o Director Interno Dr. Francisco Rodrigues da Cruz, atendendo ao seu estado de saúde, pede a exoneração do cargo, em 17 de Dezembro de 1894.
Nestas circunstâncias, apoderaram-se dele muitos escrúpulos por as forças não o ajudarem a desempenhar o lugar convenientemente. Dirigiu-se, assim, ao Superior dos Salesianos, entregando a Direcção aos filhos de S. João Bosco.
Alguns anos volvidos, seria o Provedor Dr. António Brandão Pereira a afirmar que «raro era o aluno que saía do colégio, que não derramasse lágrimas na despedida e que não ficasse escrevendo cartas sucessivas ao digníssimo director Dr. Francisco Rodrigues da Cruz». Um dos seus alunos, mais tarde sacerdote, testemunha: «Toda a sua santa vida era uma inspiração para todos nós».