quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Política em Verso (4) - Zezão - 02-08-1923

Em redor do Presidente,
Que Nosso Senhor fará,
Tem, por aí, toda a gente
Bordado mil conjecturas
Sobre quem ele será…

Uns dizem que é o Sr. Fulano,
Outros que Cicrano é;
Uns que é Paulo ou fabiano
Outros crêem que é o Rodas
E outros que é o Pirolé.

No mister de Jornalista,
Que me preso de o ser,
Inda não dei c’uma pista
Segura nem c’um indício
Que me deixe o véu romper!

Os ilustres pataratas
Que, na feira de S. Bento,
Só sabem vender batatas,
Não se entendem na escolha
E tem d’olho mais dum cento!

Eu, se fosse consultado,
Escolheria à feição
Candidato abalizado
P’ra cada um dos partidos
Inteiros da situação.

Diria aos nacionalistas
Que, da comida no tacho,
Mas só p’ra fogo de vistas,
Pusessem, sem mais delongas,
O senhor Limpo Camacho.

Aos radicais, que da breca
São levadinhos – qu’agouro!...
Não indicava uma careca,
Mas um de pelo na venta,
O honrado… Dente d’Ouro.

Aos sidonistas, se os há,
- E creio que não, por mim…
Diria assim, p…á, pá:
- Quem vos serve p’ra tal cargo
É o Barbosa Canarim.

Se eu fosse dos democratas,
Olha, leitor, vê se furas…
Em quem, votava? Não matas!...
- No ilustre parlapatão
Do Bernardino Mesuras.

Mas aos Talassas que são
Mesmo umas pombas sem fel,
Diria em voz de pregão:
- «P’ra Presidente, Senhoras,
Votai em… D. Manuel!».

- E aos amigos do Sá Pereira
Quem aconselhas, Zezinho?
- Ai, filhos, que pagodeira!
Que votem no predilecto…
No Senhor… Copo de Vinho!
Zezão