Por ter sido agraciado «benemérito da Pátria» Um sargento, o Gilman, Vem daí todo escamado O órgão da talassada O «Correio da Manhã». E lá desfia o rosário Dos crimes que, na outubrada, O figurão cometeu, P’ra tirar o corolário: - Agraciar tal patife É crime que brada ao céu!... E tem razão, sim, senhor, O jornal supracitado P’ra deixar explodir A indignação e o horror! Porque, aqui para nós, baixinho, O caso não é de rir… Na arenga, porém, que bota, Há uma frase sibilina E que não sei decifrar, De que logo tomei nota E em que, de dia e de noute, Tenho andado a magicar… Quando ele viu no chão O saudoso coronel Botelho de Vasconcelos, O tal sargento Gilman Proferiu certas palavras D’arripiar os cabelos… Com a pistola aperrada, Fazendo o tiro partir, Sem demonstrações de medo, Gritou com voz alterada: - «Até que, enfim, sempre pude Fazer o gosto ao meu dedo». | Franquezinha, franquezinha, O que ele dizer queria Por sabê-lo inda estou eu… Puxa tu, leitor, pela pinha… Que gosto deu ele ao dedo? Onde foi que ele o meteu? Eu já vi um maçaneta Por sinal espigadote, Às escondidas e a medo, Come quem toca corneta, Matar saudades da chucha, Metendo na boca o dedo… E dizia que era o gosto Maior que ele experimentava Desde que a mãe lhe morreu! Mas, também, agora, aposto Em como não foi na boca Que o tal sargento o meteu! É que, desde o claro dia Em que a República entrou No nosso pobre país É tal a patifaria, Que é tudo sempre ao contrário O que se faz e se diz! Não foi, portanto, na boca Que gosto deu ao seu dedo O sargento vil e cru… Mas a mim é que não toca Dizer onde ele o meteu… Anda leitor! Dize tu… Leitor, não dês trato à bola! … Foi no … cano da pistola!... |
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