Artigo publicado na Revista Andarilho n.º 32
Após algumas décadas dedicadas à arte de ensinar, muitas vezes me questiono sobre o papel do professor no ensino. As angústias apoderaram-se de mim quando percebi que não é o professor que ensina, mas sim o aluno que constrói o seu conhecimento. Descobri, igualmente, que nessa construção, além de um bom "mestre-de-obras", era necessário ser um bom animador de equipes e de indivíduos em processo de construção de conhecimento.
Ao longo do meu percurso docente, muitos livros de pedagogia me passaram pelas mãos, dos quais retive algumas ideias.
Recordo os livros do Mialaret (1981) e de ter assistido a algumas das suas conferências em que referia que a função do professor é frequentemente definida e apresentada sob a forma de imagens e de metáforas. Exemplos dessas metáforas são o pr ofessor como modelo, como transmissor de conhecimentos, como técnico, como executor de rotinas, como planificador, como sujeito que toma decisões e resolve problemas, como mestre, como treinador, como guia, como supervisor, como especialista e como facilitador.
Demailly (1992) refere, sem todavia explicar, as metáforas do maestro, do palhaço e da dona de casa, metáforas que os professores mobilizam para falarem das suas profissões. Metáforas mais recentes referidas por Pérez Gómez (1992), apresentam o professor como investigador na sala de aula, o professor como profissional clínico e o professor como prático reflexivo.
Feiman-Nemser e Floden (1986), fazem referência ao professor missionário (que toma a seu cargo a missão social educativa), a do professor-funcionário (que acaba por influenciar as políticas de ensino) e a do professor-oleiro (que molda os seus alunos).
Não me esqueço duma metáfora que me sensibilizou muito: a do professor-jardineiro, que cuida do crescimento das crianças à semelhança de uma planta.
Tal como os estilos de aprendizagem, os papéis do ensino podem mudar ou serem adoptados de várias formas, em função da situação de aprendizagem, das características dos alunos, do conteúdo leccionado e de outros factores.
A este propósito, lembro-me da letra de uma canção interpretada por Rui Veloso, onde uma professora solicita a um aluno uma redacção sobre o tema «o que eu quero ser quando for grande». Naturalmente o aluno escreveu: «Quero ser um marinheiro, sulcar o azul do mar / Vaguear de porto em porto até um dia me cansar. / Quero ser um saltimbanco, saber truques e cantigas / Ser um dos que sobe ao palco e encanta as raparigas».
A docente modelo, como protótipo de forma de pensar as coisas, como endoutrinadora, exige do aluno uma nova postura. Mal impressionado e constrangido pela professora lá faz outra composição: «Quero ser um funcionário / Ser zeloso ter patrão, deitar cedo e ter horário / Ser um barquinho apagado sem prazer em navegar / Humilde e bem comportado sem fazer ondas no mar». Depois disto, que mais há a dizer…
Após algumas décadas dedicadas à arte de ensinar, muitas vezes me questiono sobre o papel do professor no ensino. As angústias apoderaram-se de mim quando percebi que não é o professor que ensina, mas sim o aluno que constrói o seu conhecimento. Descobri, igualmente, que nessa construção, além de um bom "mestre-de-obras", era necessário ser um bom animador de equipes e de indivíduos em processo de construção de conhecimento.
Ao longo do meu percurso docente, muitos livros de pedagogia me passaram pelas mãos, dos quais retive algumas ideias.
Recordo os livros do Mialaret (1981) e de ter assistido a algumas das suas conferências em que referia que a função do professor é frequentemente definida e apresentada sob a forma de imagens e de metáforas. Exemplos dessas metáforas são o pr ofessor como modelo, como transmissor de conhecimentos, como técnico, como executor de rotinas, como planificador, como sujeito que toma decisões e resolve problemas, como mestre, como treinador, como guia, como supervisor, como especialista e como facilitador.
Demailly (1992) refere, sem todavia explicar, as metáforas do maestro, do palhaço e da dona de casa, metáforas que os professores mobilizam para falarem das suas profissões. Metáforas mais recentes referidas por Pérez Gómez (1992), apresentam o professor como investigador na sala de aula, o professor como profissional clínico e o professor como prático reflexivo.
Feiman-Nemser e Floden (1986), fazem referência ao professor missionário (que toma a seu cargo a missão social educativa), a do professor-funcionário (que acaba por influenciar as políticas de ensino) e a do professor-oleiro (que molda os seus alunos).
Não me esqueço duma metáfora que me sensibilizou muito: a do professor-jardineiro, que cuida do crescimento das crianças à semelhança de uma planta.
Tal como os estilos de aprendizagem, os papéis do ensino podem mudar ou serem adoptados de várias formas, em função da situação de aprendizagem, das características dos alunos, do conteúdo leccionado e de outros factores.
A este propósito, lembro-me da letra de uma canção interpretada por Rui Veloso, onde uma professora solicita a um aluno uma redacção sobre o tema «o que eu quero ser quando for grande». Naturalmente o aluno escreveu: «Quero ser um marinheiro, sulcar o azul do mar / Vaguear de porto em porto até um dia me cansar. / Quero ser um saltimbanco, saber truques e cantigas / Ser um dos que sobe ao palco e encanta as raparigas».
A docente modelo, como protótipo de forma de pensar as coisas, como endoutrinadora, exige do aluno uma nova postura. Mal impressionado e constrangido pela professora lá faz outra composição: «Quero ser um funcionário / Ser zeloso ter patrão, deitar cedo e ter horário / Ser um barquinho apagado sem prazer em navegar / Humilde e bem comportado sem fazer ondas no mar». Depois disto, que mais há a dizer…