segunda-feira, 6 de julho de 2009

Política em Verso (23) - Zezão - 05-06-1924.

Na Rua da Boa Vista
Da Braga Augusta e Leal
Foi presa uma jornalista,
De nome Antónia Barbosa,
Diz de lá certo jornal.

Mas porquê? Qual o delito
Que a Barbosa cometeu?
É o que ainda não está dito,
Mas que o leitor vai saber
Porque essa lho juro eu.

Talvez abuso d’ imprensa
Da cantada Liberdade!
O leitor consigo pensa…
Mas labora num equívoco
Que não é essa a verdade!

Por outro crime foi presa,
É crime que brada aos céus,
Qual doutro a história não reza
De colegas jornalistas:
Por ser ladra de chapéus!

Mas o colega citado
Sem que o caso lho mereça
Mostra-se todo espantado
Por, quando ela foi presa,
Ter os chapéus na cabeça!
Há por aí cada maduro!
Pois, então, qual o lugar,
O mais próprio e o mais seguro,
Para o penante ou palhinhas
A gente escarrapachar?

Eu creio ser a cabeça…
E o colega bracarense
Com um teimoso tropeça
Pois de que seja outro o sítio
A mim nunca me convence.

Porque todo o chapéu tendo
O formato circular,
Já o leitor está vendo
Que, exclusivo, a cabeça
Só se ele pôde ajustar.

E mesmo, amigo leitor,
Por causa da segurança
Etcetera, sim senhor!
Aliás sempre a cair
Andava na eterna dança.

Se em outra parte o pusesse
- Mas que fosse circular –
Aquele que o trouxesse,
Só segurá-lo podia
Com um … prego de caibrar.
Zezão