quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

FREI CAETANO BRANDÃO E A ESCRAVATURA

A inserção da escravatura na Amazónia aumentou com a criação da Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão, durante o período pombalino. No Pará e no Maranhão os negros distribuíam-se pelos canaviais e pelas culturas do arroz e algodão.
Também se enraizou aqui a cultura da cana-de-açúcar, adquirindo uma enorme importância económica, recorrendo à escravatura, estabelecendo um um regime social típico.
As tensões entre senhores e escravos eram frequentes, sobretudo pela aplicação de castigos. Nas Memórias de Frei Caetano Brandão encontramos alguns depoimentos sobre o tratamento que alguns senhores dispensavam aos seus escravos:
“Muitos senhores há, que fazem tanto caso deles, como se fossem cães: como trabalham é o que importa... Sei de alguns que nenhuma missa mandaram fazer pelo pobre escravo, que talvez consumiu todas as suas forças em os enriquecer. Não falo agora na barbaridade, com que muitos os castigam, e isto, não por ofensas de Deus, que no seu conceito são faltas ligeiras (e se é escrava, que aparece com o ventre crescido, muitas vezes se estima), mas por temporalidades insignificantes. Tenho visto escravos aleijados, de mãos e pés, outros com as costas, e lugares inferiores feitos em retalhos, efeitos de castigos; que custa a compreender que haja na humanidade monstros de crueza, que tal cheguem a praticar”.