quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

FONTES, FONTANÁRIOS E CHAFARIZES DE BRAGA

FONTE DO ÍDOLO

Na antiga capital de Conventus, Bracara Augusta, foi edificado, nos inícios do século I, um santuário rupestre que é hoje conhecido como Fonte do Ídolo, ou "Quintal do Idro". Este monumento conservou-se, parcialmente, e é um dos locais da cidade romana mais divulgados devido ao seu cariz único.
Numa superfície vertical com cerca de três metros de largura observa -se na parte esquerda uma estátua com cerca de 1,10 metros. Esta figura encontra-se num avançado estado de degradação, 0 que impossibilita averiguar se é feminina ou masculina. Todavia, consegue-se perceber que se trata de uma personagem togada que segura na mão um objecto, talvez uma cornucópia. À esquerda da cabeça é visível a seguinte inscrição: (CELICVS FRONTO / ARCOBRIGENSIS / AMBIMOGIDVS / FECIT, que pode ser traduzido por "Celico Fronto, de Arcóbriga, Ambimógido fez este monumento". Do lado direito do monumento distingue-se uma edíula, com a representação de um busto no seu interior, que foi intencionalmente desviado para a esquerda dando, desta forma, espaço à seguinte inscrição: CELlCVS FECIT, a que se segue na parte inferior do nicho: FRO(NTO), ou seja 0 nome do dedicante. À esquerda da edícula pode-se ler o nome de uma divindade: TONGONABIAGOI. 0 nicho é adornado por um frontão onde se pode ver uma pomba e um maço. Acima do frontão há uma epigrafe com letras gravadas em tipo diferente, e que é considerada tardia por diversos investigadores. Na base deste nicho brota um pequeno manancial. A interpretação deste santuário é complexa. A linha interpretativa originada por José Leite de Vasconcelos manteve-se estável ao longo de quase um século, sofrendo apenas algumas variações. Leite de Vasconcelos entende que a divindade e o dedicante se encontram ambos representados, assumindo que a primeira está representada na edícula e a segunda em alto-relevo. Esta leitura foi, posteriormente, invertida por Alain Tranoy, que identifica o deus com a figura do lado esquerdo e o dedicante com o busto inserido no nicho.
Outro autor, Antonio Rodriguez Colmenero, defende que se trata de um santuário plural. Desta forma o dedicante, Celicus Frontus, apenas está registado na inscrição enquanto que as duas divindades estariam representadas. A figura em pé corresponderia à deusa Nabia (uma Nabia/Fortuna). Tongonabiagus, divindade da "veiga bracarense" estaria representada na edícula.
Com base no conhecimento dos vestígios encontrados na envolvente da Fonte do Ídolo, há investigadores que entendem que a monumento poderá ter sido parte integrante de uma domus suburbana, enquanto outros pensam que estamos perante um santuário público mandado edificar por Celico Fronto para usufruto da comunidade bracarense. Seria pois um dos raros exemplos de ebergetismo na cidade de Bracara Augusta. Estamos assim perante um local de grande relevância patrimonial e científica, quer pela sua originalidade, quer também pela informação que faculta acerca das divindades indígenas veneradas nos primórdios da Callaecia meridional.

Apesar de ser dedicado a deuses autóctones, o santuário da Fonte do Ídolo possui um marcado estilo clássico.

FONTE DOS GRANJINHOS

Foi edificada em 1509, por ordem de D. Diogo de Sousa, na Rua dos Granjinhos. Nos anos 60 do século passado foi transferida para o local onde actualmente se encontra — no Largo de S. Sebastião, junto à capela do mesmo nome.
É um exemplar renascentista, com bica carranca, encimada pelo brasão do arcebispo D. Diogo de Sousa.

FONTE OU CHAFARIZ DA RUA ANDRADE CORVO

Chafariz barroco, do século XVIII, largo, com três bicas. O módulo centrado está avançado e é decorativamente mais rico. O tanque, irregular, apresenta linhas curvas e rectas.
Foi construído em 1742 junto à Casa de Infias. Já no século XX foi transferido para o lugar onde actualmente se encontra.

FONTE SETECENTISTA DE SANTIAGO

Construída em 1531, por ordem de D. Diogo de Sousa, na rua da Boavista (antiga Rua das Cónegas). Em 1995 foi um pouco recuada para a Praceta de Santiago.
É uma fonte quinhentista, de espaldar quadrangular e bica carranca. Por cima tem a pedra de armas de D. Diogo e um nicho. O tanque é rectangular.

CHAFARIZ DO CAMPO DAS HORTAS

Chafariz maneirista, do final do século XVI. Assenta sobre um tanque circular. Uma coluna central sustenta duas taças e a água é expelida por seis bicas em forma de carranca. O conjunto é encimado por uma esfera armilar e uma cruz.
Na altura foi instalado no Campo de Santa Ana (Av. Central); no século XIX foi transferido para o Campo das Hortas.

FONTE DOS GALOS

Está situado no Lugar dos Galos, no paredão que serve de suporte à Rua dos Barbosas. Foi construída a expensas do público em 1639. Trata-se de uma bica carranca envolvida por motivos vegetalistas e adornada com dois galos que se enfrentam.
No local, havia uma nascente de águas férreas, pelo que chegou a funcionar aqui um estabelecimento balnear, no século XIX. As águas, em tempos consideradas das melhores de Braga, actualmente são impróprias para consumo.

CHAFARIZ DOS CASTELOS

FONTE- CHAFARIZ DO PELICANO
Ao centro da Praça Municipal está colocada a chamada Fonte do Pelicano - uma peça barroca joanina, obra devida ao Arcebispo Dom José de Bragança. Com escudo relevado ao centro da fonte, ovalado com as armas reais rematadas pelas insígnias arcebispais - chapéu arquiepiscopal. Pertencia esta fonte aos jardins do Paço de Dom José de Bragança e foi aqui colocada por volta dos anos de 50 deste século. A sua traça é atribuída ao artista bracarense Marceliano de Araújo.