Há dias, uns jornalistas,
Uns monstros d’informação,
Diziam admirados,
Num local expremido,
Três mortos serem achados,
Depois duma exploração,
Sem darem… sinais de vida…
E, vai d’aí, uns maduros,
Querendo dar-se ares de finos,
Saltam logo p’ras gazetas
Com arrelias picantes,
Chamando-os homens de pêtas,
Bêstas, cavalos, suínos
E… nomes injuriantes!
Que ignorância tão crassa
Vieram denunciar!
Mostram bem ‘star atrasados
Nos progressos da ciência!
Pois não sabem, os coitados,
Que os mortos podem falar,
Que está feita a experiência?
Não sabem que nas Américas,
Aqui há uns anos p’ra trás,
Uns sábios d’envergadura
Conseguiram obrigar
Um falecido rapaz
A ir para a sepultura
Por seu pé e a conversar?
Olhem que inda, o outro dia,
Um magarefe do Porto,
Por sinal um desalmado,
Deu cabo dum cordeirinho
E, passando um bom bocado,
Reparando, viu o morto
A bulir c’o seu rabinho!
Zezão