segunda-feira, 23 de março de 2009

POLÍTICA EM VERSO (13) - Zezão - 18-11-1923.

Meio mundo, impaciente,
Há muito, pergunta em vão,
Quando se encontra co’a gente:
- Quando sai a revolução?

E a gente que anda às aranhas,
Mas que sabe, quer mostrar,
Responde, com artimanhas:
- Está aqui… está a rebentar…

E o meio mundo, contente,
Vai contá-lo ao outro meio,
Que o vem contar à gente
Com ares de certo receio…

Mas passam-se meses, dias,
Passa-se um ano até,
E quero que tu te rias!
Diz-nos incrédulo o Zé…

P’ra acabar co’esta encrenca,
Mandei ao meu secretário
Que fosse meter a penca
No meio… revolucionário.

Da missão no desempenho
Com pouca sorte ele andou
E, por isso, estampar venho
A nota que me enviou:

-«Obedecendo ao mandado
De você, Senhor Zezão,
Fui procurar apressado
O chefe da revolução».

- Seu Procópio Radical,
Diga-me lá, co’a maleita,
Se a cousa não corre mal,
Se a cousa sempre se ajeita!

- Não sei o que quer dizer
Na sua pergunta audaz!
Se quer que o possa entender
Fale claro, meu rapaz!

- Pois ponho os pontos nos is,
… A cousa… é a revolução!...
- ‘steve a sair por um triz,
Hoje mesmo, esta minhão!

Porém julguei mais prudente,
Eu que sou o chefe d’ela,
Adiá-la mais p’ra frente,
Por causa de certa aquela…

Mas juro, não esteja a rir!
Embora a demora enfade,
A cousa que há-de sair
Quando eu… tiver vontade…

Que tal ‘sta o da rabeca?
Ao ler isto, estive em risco
De apresentar ao careca
As armas de… S. Francisco!
Zezão