A Fonte do Anho (Fonte do Cordeiro) merece uma especial atenção, sobretudo pela mensagem contida na inscrição: «AD FONTEM QUICUMQUE SITIS ACCEDE BENIGNUM HAUD UNDA NOCET DEFLUIT UNDE VIDE».
Seja bem-vindo a «História por um Canudo».
Aqui encontrarão diversas investigações e publicações sobre áreas do meu interesse:
as minhas impressões;
a minha terra, Mire de Tibães;
o pedagogo e pai dos pobres, Frei Caetano Brandão;
o património de Braga.
A Fonte do Anho (Fonte do Cordeiro) merece uma especial atenção, sobretudo pela mensagem contida na inscrição: «AD FONTEM QUICUMQUE SITIS ACCEDE BENIGNUM HAUD UNDA NOCET DEFLUIT UNDE VIDE».
O Cadastro setecentista da livraria (biblioteca) tibanense incluía livros sobre Teologia (1770 obras), História (805), Literatura (454), Ciências e Artes (361), Jurisprudência (357), Poligrafia, História e Bibliografia (71), num total de 3218 obras.
A maioria dos livros era em Latim (47,3%). Em Língua Portuguesa eram 32,7% dos livros, em Espanhol 10,7%, em Francês 6,5%, em Italiano 2,3%, em Inglês 0,2%.
As obras são predominantemente dos séculos XVIII, XVII e XVI, distribuídas, assim, respectivamente, 40%, 35% e 20,3%.
Na Livraria figuram nomes como Montesquieu, Verney, Muratori, Melo Freire, Melo Franco, dalabella, Vandelli, Teodoro de Almeida, Filinto Elísio, Pereira de Figueiredo.
Os Monges erigiram, em Tibães, no século XVIII, a Arcádia Tibanense, academia literária de pouca duração, adquirindo um apreciável prestígio cultural. Os coriféus deste movimento evolutivo foram Fr. Francisco de S. Luís e Fr. Vicente da Soledade e Castro, deputados e presidentes do Parlamento no Liberalismo.
A chamada “Estrada da Graça” era administrada pelo Mosteiro de Tibães, que controlava, igualmente, a passagem do rio, no “Barco da Graça”, pois era um eixo viário de grande importância estratégica para o mosteiro.
Segundo Aurélio de Oliveira: «A importante passagem do Cávado, na Graça era de posse exclusiva da Abadia (...). Acresce que essa passagem não servia só para pessoas, mas também para cavalgaduras, além de carros, coches e liteiras. O preço do arrendamento do Barco da Graça é também índice da importância dessa passagem (...). Essa via atravessava aí o rio Cávado seguindo por S. Eulália de Cabanelas e penetrando em Cervães. Aqui encontrámos nós referência, em Prazos da Mitra de Braga dos séculos XVII e XVIII, a uma estrada que seguia para Viana do Castelo, e que deve ter constituído o prolongamento daquela importante passagem e da via do Couto, que deverá, naturalmente ter diminuído com a abertura e melhoramentos da Ponte do Prado (...)».
No século XVIII, foram realizados diversos melhoramentos: arranjo de todo o caminho que leva à passagem da Graça; uma nova calçada; e construção de um cais de pedra para fácil e segura acostagem da barca (...)».
A importância desta via nas épocas medieval e moderna decorre, evidentemente, da importância da Abadia de Tibães no contexto da região e da necessidade de manutenção e administração de um importante caminho que atravessava o Couto.
Segundo Maria Filomena Andrade (Entre Braga e Tui: uma fronteira diocesana de duzentos. O testemunho das inquirições), tendo como fonte as Inquirições de 1220 (publicadas em Portugaliae Monumenta Historica, vol. I, Lisboa, 1888), dos 2683 casais distribuídos pelas diferentes comunidades religiosas, são os beneditinos os mais representados: 42% são de mosteiros beneditinos, 16% de agostinhos, 10% de ordens militares, 4% da Sé de Braga, 2% de S. Tiago, 3% de Cister e 3% de outras observâncias.
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Um decreto do ministro António Joaquim de Aguiar, em 1834, veio extinguir as Ordens Religiosas, tanto no Continente, como no Ultramar Português. Assim os bens, moradias, foros, e todas as pertenças do Convento de Tibães passaram para a posse do Estado. Mais tarde todas as pertenças e bens foram arrematados e vendidos.
Se consultarmos o Arquivo Municipal, mais propriamente o Copiador para a correspondência expedida - Representações da Câmara de Braga (1844-1869), deparamos com uma exposição dirigida ao poder real, por parte da vereação camarária, datada de 5 de Abril de 1864:
«Senhor: o Mosteiro de Tibães é um edifício que pela sua colocação só pode desafiar a ambição dos arrematantes, para ser demolido, e vendidos para outras edificações os materiais de que foi feito. E será justo que se deixe assim aniquilar um monumento que fará honra a esta terra pelas recordações que encerra da laboriosa actividade - incansável zelo - e inimitável dedicação que aqueles Monges, os primeiros agricultores desta formosa Província souberam ser úteis à sua Pátria e ao seu semelhante? Por certo que não. Esta Câmara por isso suplica e espera que o Governo de Vossa Majestade mandando ficar sem efeito a ordenada arrematação e ouvindo depois as muitas razões de conveniência pública que ela se reserva fazer subir ao conhecimento de Vossa Majestade adaptará providência que satisfazendo a expectativa dos povos deste conselho, aparte a ideia da destruição daquele monumento secular. Deus guarde Vossa Majestade por muitos anos. Braga em 5 de Abril de 1864. Vice-Presidente, Bento Miguel Leite Pereira, Vereadores…».
Frei Francisco de Santa Gertrudes, professo da Ordem de São Bento, era natural da Aldeia de Cima, freguesia de São Romão, Bispado de Lamego.
Filho de João Pinto, da Aldeia de Cima e de Luísa Pereira, natural de São Cipriano.
Passou pelo Convento de São Bento da Saúde, em Lisboa.
Foi acusado de violação por tomada de ordens, o que seria uma proposição herética. Por isso foi preso em 25 de Agosto de 1750, tendo sido sentenciado em Auto de Fé, realizado na Igreja do Convento de São Domingos, em Lisboa, no dia 24 de Setembro de 1752.
Na sentença lê-se: «seja interdito de receber qualquer Ordem, seja degredado por dez anos para o Mosteiro e Casa Capitular da sua Ordem, tenha cárcere, com reclusão por um ano, a cumprir no mosteiro, com penitencias pro gravioribus, tenha mais penas e penitências espirituais, instrução na Fé e pague as custas. Ficava interdito de entrar em Lisboa».
Foi solto a 30 de Setembro de 1752.
Depois de cumprir pena em Tibães e, por motivo de saúde, pediu para ser transferido do Mosteiro de Tibães para o de Lisboa.
Rafael Bordalo Pinheiro, alfacinha, republicano, anticlerical, várias vezes meteu os pés a caminho, para conhecer in loco, a vida e a sociedade bracarense. Na sua publicação, O António Maria, 1.ª série (1879/1885), a propósito do Centenário do Bom Jesus do Monte, envia para a capital o canudo com os desenhos que permite que Lisboa observasse Braga por um Canudo. Num dos desenhos o Arcebispo de Braga zela por um dos carros que tinha participado no cortejo do centenário.
Quem visita as Capelas anexas à Sé de Braga poderá encontrar o túmulo de D. Lourenço Vicente, trigésimo oitavo arcebispo de Braga, em muito bom estado de conservação.
Como cidadão amante da sua pátria, depois de Cristão era Português, deu provas da sua valentia e coragem na Batalha de Aljubarrota.
No auge do combate, recebeu na face direita um longo e profundo gilvaz, cuja cicatriz ainda hoje se nota distintamente.
D. Lourenço respondeu ao golpe arremessando o castelhano ao chão pagando com a própria vida.
Este e outros episódios da batalha são relatados por D. Lourenço Vicente numa célebre carta dirigida ao Abade de Tibães.