Quem é o «Correia?». Foi o Ministro das Finanças a partir de 13 de Agosto de 1923. Chamava-se Francisco Gonçalves Velhinho Correia e pouco tempo lá esteve pois foi substituido por Vitorino Guimarães nas finanças em 24 de Outubro de 1923. Sendo assim certas palavras e expressões ganham outro sentido: velhinho, inflação, largar a correia, notas, dinheirinho.
Por ‘star tudo consternado
Co’o enterro do velhinho
Não vão Foguetes nem bichas,
Vai o Fado Choradinho.
Triste sorte a do velhinho
Um mau fado o perseguiu…
Quis largar a Correia
E a Correia… partiu!
Por causa da inflação
Das notas, do dinheirinho,
Deu com as ventas no chão,
Triste sorte a do velhinho!
Foi por qu’rer encher as burras
Dos amigos, que caiu.
Toda a gente lhe deu turras,
Um mau fado o perseguiu.
Tendo uma boa moela,
Não via a barriga cheia,
Para dar-lhe uma fartadela,
Quis alargar a … Correia.
Mas a pança tanto inchou,
Tão aflita se viu
Que o velhinho arrebentou
E a … Correia partiu.
Chorai, fadistas, chorai!
Seja o pranto maré cheia
E um Padre Nosso rezai
Pelo Velhinho Correia.
Morreu o nosso velhinho
Sem ter de dar um ai
Sofreu tanto coitadinho!
Chorai, fadistas, Chorai!
Por bem fazer, mal haver!
Deram-lhe tanta tareia…
Quem não se há-de enternecer?
Seja o pranto maré cheia!
Sobre a lousa funerária
Goivos, saudades ‘sfolhai,
Ponde os joelhos em terra
E um Padre Nosso Rezai.
Não ouvis o som plangente
Dos sinos, em légua e meia,
Soluçam em tom dolente,
Pelo Velhinho Correia!
Coradas, novas coradas,
P’ra o fastio é bom a urtiga!
Lhe meteram faca em costa,
E a bengala em barriga.
Zezão