segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Política em Verso (8) - Zezão - 04-10-1923.

Anda tudo em sobressalto
Por causa dos ratoneiros
Que, à laia de cães rafeiros,
Assaltam os viandantes
E as casas dos cidadãos
A roubar os mealheiros
E as carnes dos fumeiros
E os pingues dos porrões.

E é tanto o seu descaro,
Sua audácia e impudor
Que, seja lá onde for,
Quer de noite, quer de dia,
Os figurões nem sequer
Sentem o menor horror
Em atentar contra o pudor
Da indefesa mulher.

E, o que é mais de estranhar
É o que dizem os jornais
Que autoridades locais
Não tomam as providências
Devidas, o que é urgente,
Dizendo uma das tais,
Entre muchas cosas mais:
- Nada quero com tal gente!

A resposta é das de arromba
De quem tem um fino tacto!
Entorna um carro de mato,
É um assombro de esperteza,
Causa pasmo à terra, ao céu!
Não a inventaria o rato
P´ra ver-se livre do gato!
É de tirar-lhe o chapéu!

Visto isto, que fazer?
O andar-se sempre armado
De escopeta e apetrechado
E o olho sempre alerta
E cá na mente este fito:
Logo que eu seja assaltado,
Por um qualquer desalmado
Largo-lhe logo um tirito…

Mas se um tiro não bastar
Para na ordem o meter
Que é que eu hei-de fazer?
Ora leitor, caro amigo,
Bem mostras que pouco vês!
Em lugar de só dar-lhe um,
Puxa o gatilho: Pum…Pum!
E larga-lhe duas ou três…
Mostra-lhe a ordem… a fugir!
Zezão