As ideias nascem.
De início como pirilampos na noite.
Depois vão crescendo em brilho.
Por fim seguram a nossa mão e levam-nos à Aventura.
Assim nasceu a «borboleta» que acompanha a génese e a temática desta revista.
Não foram as poesias intituladas «borboletas» de Vinícius de Moraes, Marisa Monte, Sara Tavares ou de Olavo Bilac (Santos e Pecadores) que nos iluminaram, mas a beleza das diferentes espécies de borboletas, com variadas cores que parecem roubadas do arco-íris, com texturas nas asas, com um corpo ultra-leve, com asas muito largas. Mesmo, assim, a borboleta consegue pousar na flor aberta, de onde suga o néctar adocicado.
A borboleta é formosa, voa, porfia, cansa, treme, e respira a custo.
Também no ensino-aprendizagem há semelhanças com o mundo das «borboletas». Os professores e os alunos não podem passar a vida rastejando, de corpo murcho e asas encolhidas. Devem voar, dar asas à liberdade, ensinar e aprender a ser livres.
O trabalho do professor, junto do aluno, é semelhante ao da borboleta quando esta abandona a crisálida para voar, quando esta se abre e a borboleta sai do seu interior. Também o aluno deve ser a maravilhosa crisálida que brotará, que deve deixar o casulo e voar, libertar-se, autonomizar-se, ganhar o seu espaço.
A borboleta também simboliza a mudança, a metamorfose. À sua imagem, também o ser humano se transforma. Evolui fisicamente mas, sobretudo, assiste-se a uma alteração constante de comportamentos, atitudes, sentimentos e opiniões.
Como a borboleta, apetece-me dizer:
«Voou pelo mundo e foi colorindo tudo por onde passou».
(texto publicado na Revista Andarilho, n.º 33, Fevereiro, 2010)