Não me vou expressar sobre a vida do médico Miguel
Louro, mas da sua obra que se dispersa por muitos livros já publicados, por
muitas exposições em Portugal e no Estrangeiro.
A fotografia de Miguel Louro, além de revelar
uma imaginação criativa e sensibilidade humana, é o instrumento de uma memória
social e cultural e um documento da realidade. Cada imagem mostra muito mais do
que os olhos podem ver. É o resultado do vivido, de um ato de investimento de
sentido, uma leitura e uma investigação.
Esteticamente, cada imagem ilustra e salienta
um lugar escavado no tempo, indaga e interroga os homens que possibilitam essa
aventura, congelando a realidade, o que lá está ou o que lá esteve, fruto de um
momento irreconciliável do presente com o passado.
Sobre a fotografia de Miguel Louro não
podemos ficar indiferentes, ou nos impressionam, nos comovem, nos incomodam, ou
nos imprimem, em nós, sentimentos contraditórios. Capta, de forma soberba, novos lugares realidades patrimoniais,
revela um novo olhar sobre a beleza desses espaços, conta uma história, acrescenta
algo ao que é mostrado, grava cenas (documentos do real) cristalizadas em
diversos tipos de suportes, umas vezes em papel, outras em tela, cabendo a nós
saber descodificá-as e descobrir o seu propósito.
Durante milénios,
fomos evoluindo à medida que soubemos interpretar os dons da Natureza. A
sua influência na vida humana contribuiu definitivamente para
descobrirmos também a nossa vertente espiritual.
Mas hoje também não
estaria com demoras sobre a obra fotográfica de Miguel Louro, pois, ainda,
recentemente, tive a ocasião de me expressar longamente aquando da apresentação
de mais um dos seus livros Sameiro, a beleza da devoção.
Hoje estaria mais
interessado em falar da temática escolhida, através da qual deu largas à sua
imaginação e criatividade: a temática da água.
Falar desta temática
é um fundo sem fim, deste modo permitam-me aludir a alguns pontos que sendo evidentes
são dos mais importantes:
1- a
água como fator de ligação à natureza, fazendo parte da sua estrutura, como um
dos 4 elementos fundamentais da existência do Ser Humano: o elemento Água, Terra ,
Ar e Fogo, essenciais para a existência da vida e do seu desenvolvimento.
Quase que poderíamos dizer que a Terra
representa as sensações; a Água os sentimentos; o
Ar o pensamento e e o Fogo a intuição
e ação.
2- Como dizia Lavoisier
«na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma». Ao
descobrirmos a influência da água nas nossas vidas, todos deveríamos ser capazes
de nos adaptarmos a ela e evoluirmos enquanto espécie.
3-
Depois segue-se a representação da água em todas as suas formas e estados,
desde a pureza até à negra poluição, desde a sua representação em grutas,
cascatas, fontes, lagos, minas, nascente, rios, correntes, catadupas, desde a
forma como a recebemos de mão dadas, em bicas, torneiras, carrancas, nichos,
galos, etc…
4-
Não esquecemos, obviamente, algumas funções vitais da água, como retemperador,
como purificadora, como saciadora da sede, como Fonte de Vida «eyus fluent
aquae vivae».
5-
Já para não falar nos infinitos aproveitamentos deste Bem que Deus nos deu: a
Água.
José Carlos Gonçalves Peixoto