segunda-feira, 18 de outubro de 2010

NOVA PUBLICAÇÃO

Foi apresentado, hoje, o livro póstumo Cónego Cândido Pedrosa, Palavras de Vida… Gestos de Amor, uma iniciativa dos Casais da Equipa de Nossa Senhora Póvoa 2. Aqui reproduzimos o texto que escrevemos para este livro.
DEVOTO DA CRUZ E DO BOM JESUS DO MONTEDigitalizar0001
Uma palavra de agradecimento não chega para demonstrar toda a estima e apreço pelo Cónego Cândido Carreira Pedrosa e Silva, Juiz-Presidente da Confraria do Bom Jesus do Monte entre 2003 e 2009.
Poderíamos destacar algumas das funções exercidas, Sacerdote, Pároco, Professor, Perfeito, Conselheiro Espiritual, Director Interno de Lar de Jovens, Conselheiro Presbiteral, Arcipreste, mas é como Juiz-Presidente da Confraria do Bom Jesus do Monte, durante seis anos, que a nossa Memória o recorda e que nunca se desvanecerá com o decorrer do tempo.
Quando falamos de história, temos o costume de nos refugiar no passado. A história não tem presente, apenas o passado que se vai precipitando para o futuro. É no passado remoto, já lá vão quase quatro séculos que encontramos a criação e a origem da confraria. Muitos foram os seus timoneiros. A história não vai esquecer um dos Juízes-Presidentes que merece figurar na Galeria dos Grandes Presidentes, que conseguiu realizar obras e ultrapassar a burocracia dos Gabinetes pois a história valida, fundamentalmente, os resultados, lutando intensamente e desinteressadamente na resolução de múltiplos problemas com uma determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem comum, sempre por uma causa, a dignificação da estância, deste monte-sagrado, qual Jerusalém libertada, qual caminho para a Cruz e Jerusalém Celeste.
Não olvidamos o amor que nutria pela beleza da estância, pela riqueza do seu património, pela devoção à Cruz e ao Bom Jesus do Monte, como alguém que intuiu o chamamento de Deus e procurou corresponder, no dia-a-dia, a esse chamamento.
Acompanhámo-lo nos seus sonhos, nas suas preocupações, na preservação do legado dos nossos antepassados.
Quando chegou ao Bom Jesus do Monte imprimiu um novo estilo, dinâmica e liderança à confraria, que fortaleceu a organização, a descentralização e a criação de um espírito de grupo, fundamentais para o desenvolvimento e concretização de várias obras que necessitaram do esforço empenhado das várias valências e pelouros dos seus mesários. A sua passagem pela Confraria do Bom Jesus foi fecunda, deixou marcos que prevalecerão com o tempo, nomeadamente, a reabilitação do património da estância, o restauro e a recuperação dos hotéis, do Elevador, da Casa das Estampas, da Colunata, do Salão de Chã, da Capela do Santíssimo, da Capela das Relíquias e das Telas do Museu.
A sua intervenção no Bom Jesus do Monte era quotidiana. Lutava, velava e agia incessantemente pela dignificação da estância. Sobretudo rezava ao Bom Jesus, que hasteia outro símbolo, a doce imagem do madeiro miraculoso da Cruz.
A devoção à Cruz, ao Bom Jesus do Monte era um símbolo de vida que se erguia como o sol de verão pronto para fecundar a terra e para amadurecer os seus frutos, que se erguia como alimento e firme esperança para ultrapassar as dificuldades que diariamente apareciam no seu caminho, para resolver os problemas que as obras em curso levantavam. Esta devoção era presságio de novas acções e de novos estímulos. Com humildade e liderança sabia suscitar solicitações, colaborações, descentrando o poder pelos diferentes pelouros e pelos vários mesários da Confraria do Bom Jesus do Monte.
O Bom Jesus era o centro da sua vida, mesmo quando a adversidade lhe bateu à porta. A doença veio roubar-nos de forma crua e dura a sua presença entre nós, mas o trabalho que fez criou profundas raízes que não podem ser arrancadas dos nossos corações. A sua vida, a luta contra o sofrimento, são um sinal que nos interpela e questiona sobre o nosso presente e nos ilumina e orienta para o futuro.
José Carlos Gonçalves Peixoto
Mesário da Confraria do Bom Jesus do Monte