segunda-feira, 31 de outubro de 2011

BALANÇO DO CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DO BARROCO

Artigo do Diário do Minho de 31-10-2011

Os Estatutos da Confraria do Bom Jesus do Monte sugerem as solenidades que os confrades não deverão passar em claro. De entre essas, figura a erecção, conclusão e dedicação do templo. Neste quadro, a Mesa Administrativa promoveu, durante o presente ano, um conjunto de iniciativas, a começar pelo embelezamento da estância e terminando nos concertos, exposições e publicações.
A Confraria do Bom Jesus do Monte DM, 31-10-2011escreveu mais um dos episódios gloriosos da sua história com a realização do Congresso Luso-Brasileiro do Barroco, que teve lugar nos dias 20, 21 e 22 do mês corrente. Reuniu cerca de 400 participantes, cinquenta comunicações (25 brasileiras e outras tantas portuguesas), num debate relevante para o Barroco, nas áreas da economia, sociedade, alegorias e arquitectura, sentimentos e representações, com um programa que permitiu o aprofundamento de um fenómeno artístico que enriqueceu Portugal.
A Confraria do Bom Jesus do Monte empreendeu uma corrida longa, teve de retorcer algumas âncoras de ferro, polir algum granito bruto, mas chegou à meta, com a constância do propósito, oferecendo organização, monumentalidade e competência. De início foi o sonho, depois juntamos paciência, ousadia, confiança, risco, partilha e eis a receita do sucesso do Congresso. Mede-se, também, o sucesso pelo modo como soubemos superar alguns obstáculos. Penso que cumprimos as nossas tarefas, buscando o melhor dos outros e dando o melhor de nós próprios. Contribuímos para o avanço no estudo do Barroco e o livro com a reprodução de todas as comunicações e conferências certificará esse contributo científico e metodológico.
Dois povos irmãos encontraram-se durante três dias, envolvidos pela mística do Bom Jesus e souberam encontrar pontes, plataformas e novos projectos de futuro, nesta Capital do Barroco e nesta pérola de lapidação barroca, o Bom Jesus do Monte. Ouvi de muitos congressistas a necessidade de repetir este encontro científico. Queira a providência e o homem dar corpo à continuidade da iniciativa.
As reacções são o melhor teste ao sucesso da iniciativa, em todas as vertentes, nomeadamente, a científica e social. O sucesso foi a consequência de um trabalho de vários meses, da conjugação de esforços de muitas pessoas e entidades, que neste artigo prestamos o nosso elevado reconhecimento: ao Quadrilátero Urbano pelo apoio financeiro e organizativo, nas pessoas do Presidente Executivo Dr. António Magalhães e do Secretário Executivo Eng. Alberto Peixoto; ao Presidente da Comissão Científica do Congresso Doutor Aurélio Oliveira; à TUREL-Turismo Cultural e Religioso, na pessoa do Director Técnico Dr. Varico Pereira; ao Centro de Formação de Professores Braga Sul, na pessoa da Dra. Ana Paula Vilela, pela sua ajuda determinante para o sucesso do Congresso; ao Conservatório de Musica Calouste Gulbenkian, na pessoa da Prof. Ana Caldeira pela alta colaboração no programa cultural do Congresso; à Esprominho, Escola Profissional do Minho, seus Directores, Professores e Alunos, pelo apoio profissional na organização do Congresso; à Divisão do Turismo da Câmara Municipal de Braga, na pessoa da Dra. Filomena Alves, pela sua colaboração na organização do Sarau Barroco; à WeLink-Comunicação e Multimedia, na pessoa da Dra. Elisabete Rocha, no apoio à organização da Mostra de Artes; a todos os Expositores presentes na Mostra de Artes; à Modalfa, cadeia têxtil do grupo Sonae, responsável pelas roupas dos assistentes durante o Congresso; à Porto Editora pelas pastas disponibilizadas para os Congressistas; aos Hotéis do Bom Jesus pelo apoio logístico durante o Congresso; à Carclasse, na pessoa do seu administrador Dr. Hernâni, pelo apoio aos transferes dos conferencistas Brasileiros; por último, mas não menos importante, aos meios de Comunicação Social, em especial à imprensa diária de Braga, pela divulgação e cobertura do evento, primeiro dos factores de sucesso.
Foram três dias de celebração, à semelhança do Barroco, entendido como a Festa dos Sentidos, como uma sinfonia de luz, cor, volume, som e textura. Como dizemos no livro Festim dos Sentidos «O Bom Jesus do Monte é um dos expoentes maiores da arquitectura sacra e uma jóia do património luso. Aqui o Barroco é o espectáculo, a celebração, a festa dos sentidos, é a arte dos sentimentos e das emoções, é um apelo ao olhar, ao som, aos perfumes, à forma, aos volumes, à cor, à luz, ao naturalismo, ao burlesco e à ilusão. O esplendor desta viagem pelo Barroco, de matriz cristã, eleva a alma, num cenário festivo, exuberante e triunfante, num chamamento à ascencionalidade, ao caminho para o céu num roteiro que incorpora o fascínio do Barroco e uma breve experiência neoclássica no templo».
Termino com as palavras do Sr. Arcebispo Primaz, na sessão de abertura do congresso, mas que servem para um epílogo feliz: «façamos com que o Congresso suscite esta mentalidade capaz de ultrapassar o que parece impossível, mas que a história assim o exige. E se é verdade que não conseguimos esconder o desejo de elevar este Santuário do Bom Jesus a Património da Humanidade, antes disso, é preciso que ele se eleve primeiro a Património Espiritual no nosso coração!».