O Bom Jesus é um oceano de sugestões para uma visita: o conjunto arquitetónico; o património ímpar, a verde e luxuriante vegetação da elevação que alberga não só um dos mais emblemáticos santuários portugueses, mas também uma das obras-primas do barroco nacional; o elevador, preciosa relíquia da arqueologia industrial portuguesa, que recorre a um tipo de energia ecologicamente “limpa”. É, também, o lugar da «Cruz», da Paixão de Cristo, uma «Nova Jerusalém».
Neste local de peregrinação, e no interior do templo, veneram-se três imagens do «Bom Jesus na Cruz», que, pelo seu simbolismo e valor patrimonial, chamam a nossa atenção:
- a imagem de Cristo, no altar-mor, oferecida por Dom Gaspar de Bragança e mandada esculpir em Itália;
- a imagem do Senhor Agonizante, em tamanho natural, a primitiva do templo, mandada erigir por Dom Rodrigo de Moura Teles, também esculturada em Itália;
- a preciosa imagem de Cristo crucificado, com a invocação de Bom Jesus dos Navegantes, existente na Sacristia. Feita em marfim, com quatro palmos e um quarto de altura, com a cruz e peanha de ébano, marchetada de marfim. Peça construída na Índia e oferecida ao Santuário, pelo Vice-Rei da Índia, militar e Governador Colonial Dom Diogo de Sousa. Está encerrada numa vitrina-oratório colocada sobre um arcaz.
Este ilustre bracarense ofereceu, ainda, em 1824, um elevado donativo com a indicação expressa de se ocultar o seu nome.
D. Diogo de Sousa, em 1793, foi nomeado Governador de Moçambique, para onde partiu com a sua esposa D. Cândida de Sá Brandão, da casa dos Condes de Terena, onde faleceu.
Em 1798, foi transferido para o Maranhão e a 19 de dezembro de 1807 foi incumbido de organizar a nova capitania do Rio Grande do Sul, onde criou as ilustre bracarense Vilas de S. Pedro e Rio Pardo.
Em 1810, recebeu ordem de ocupar Montevideu, que se encontrava em processo revolucionário, chefiando uma força, o «exército pacificador da Banda Oriental». O seu procedimento enérgico e o modo brilhante como dirigira essa campanha granjearam-lhe a estima de D. João VI, que, a 13 de Janeiro de 1812, o nomeou vedor da Casa Real. A 17 de dezembro, do mesmo ano, concedeu-lhe uma comenda e logo a seguir a Grã-Cruz de Cristo. Depois de entregar o governo da capitania do Rio Grande, em 1815, ao seu sucessor Marquês d’Alegrete, o rei conferiu-lhe, a 29 de Julho de 1815, o título honorífico de Conde de Rio Pardo, nome de uma das vilas por ele fundadas no Rio Grande do Sul.
A 4 de março de 1816 nomeou-o enfim vice-rei da Índia, onde desembarcou em Novembro desse mesmo ano, de cujo governo tomou posse em 29 de novembro de 1816.
Em 1828, no Governo de D. Miguel foi Ministro da Guerra e em Janeiro do ano seguinte Conselheiro de Estado. Veio a morrer, no seu Palácio da Calçada da Estrela, em 1829.
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a minha terra, Mire de Tibães;
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