domingo, 9 de março de 2008

ANTÓNIO GONÇALVES - «O MOCHO» (1)

António Gonçalves nasceu a 19 de Maio de 1883 e faleceu a 8 de Janeiro de 1972, mais conhecido na aldeia pela alcunha «o mocho».
Donde viria essa alcunha? Com certeza da sua erudição filosófica, científica e jurídica.
Chegou a frequentar a Universidade de Coimbra em Direito.
Pessoa muito viajada e cosmopolita. Em 1925 atravessava as águas do Atlântico.
O homicídio do seu irmão Manuel Gonçalves, em 5 de Março de 1924, é pretexto para a sua obra Psicologia de um processo-crime, editada nas Oficinas de O Commercio do Porto, em 1925.
Apesar da sua erudição, tornou-se uma personalidade típica da freguesia, agricultor e de trato fácil para a população.
Diariamente, dirigia-se a pé, à cidade, regressando, sempre, com o jornal debaixo do braço e sempre com uma palavra ou um poema, de improviso, para aquele que o abeirava.
Tive o privilégio de o conhecer e de privar com ele, na minha adolescência. Notava que ele via em mim, um dos poucos habitantes capazes de aguentar uma conversa filosófica, um debate científico. Em sua casa, não havia mais espaço para livros. Na sala de entrada, após ultrapassar umas íngremes escadas em pedra, deparávamos com estantes repletas de livros até ao tecto.
Quando o assunto despertava, ele tinha sempre o livro certo para me indicar. Não me esqueço que os seus livros estavam muito anotados e quase sempre com referências a discordar do autor.