segunda-feira, 10 de março de 2008

ANTÓNIO GONÇALVES - «O MOCHO» (3)

ANTÓNIO GONÇALVES - «O MOCHO» (3)
António Gonçalves frequentou Direito em Coimbra. Quando faz uma abordagem ao livro O Homem esse desconhecido, de Alexis Carrel, (ed. Educação Nacional, Porto, 1942), afirma, a deformação profissional é evidente nos advogados, outro erro dos advogados é suprimir do inventário uma parte da realidade.
No que toca a Coimbra, Fidelino de Figueiredo na História Literária de Portugal (1944), cita o livro Murmúrios de Couto Monteiro, popular autor de Cabulogia, pretexto para António Gonçalves «O Mocho» expressar-se: «muitos dos poetas Coimbrãos, formados em cabulogia, pagaram tributo honroso à nossa literatura e à nossa arte. A sua sabedoria foi, por vezes, fecunda».
Outro Livro História da Ciência de William Cecil Dampier foi objecto de uma análise profunda de António Gonçalves. Começou esta análise pela afirmação «a aplicação do cálculo matemático às mais altas Ciências da Natureza por sábios como Newton e Einstein, dá razão aos inspirados fundadores da escola pitagórica. Sem tal cálculo não pode haver medida e a medida é o primeiro requisito da ciência». Relativamente à descontinuidade do tempo, levantada na pág. 28, do citado livro, expõe: «se o tempo não é nada substancialmente, mas é a medida do movimento, o “quantum” de acção conduz-nos à descontinuidade do movimento e consequentemente à descontinuidade do tempo». Segundo ele, da teoria de Demócrito deriva o materialismo clássico, de que o materialismo dialéctico é derivado. Há uma única maneira de refutar qualquer materialismo, é demonstrar que a matéria não é eterna e foi criada, dando origem ao tempo, como com os acontecimentos em que a matéria intervém.
O espaço e o tempo, na opinião de A. Gonçalves, não são propriedades da matéria, são propriedades do pensamento, sem as quais o Homem não pode pensar.
A propósito de uma afirmação de Newton que Deus é imanente na natureza, ele contra-argumenta, creio que é a Natureza que está imanente em Deus.
A propósito da filosofia evolucionista, comenta: «a sobrevivência do mais apto? E quando os mais aptos, em vez de buscarem sobreviver, lutam até à morte em defesa da Pátria e daqueles que amam? Há até animais que sacrificam a vida por aqueles que amam…» e acrescenta «a Teoria da Evolução pretende ser uma explicação geral do desenvolvimento da vida na terra, mas não sabe como a vida começou… e esse mistério das origens leva-nos inevitavelmente até Deus».