(Artigo publicado no Diário do Minho, de 14/12/2005)
No próximo dia 16 de Dezembro, terão lugar no Salão Nobre da Universidade do Minho, no Largo do Paço, e no dia 17 de manhã, no Auditório da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Católica, na Guadalupe, um vasto conjunto de conferências que abarcam diversas áreas do saber e da cultura onde o prelado bracarense se movimentou.
Braga conta, entre os seus cidadãos mais ilustres, com Dom Frei Caetano Brandão, para muitos “um santo”, para outros, seguramente, um cidadão benemérito. Há homens que marcam o destino dos povos. São raros e possuem a rara capacidade de intuir os momentos cruciais que marcam o futuro e encarnam as decisões que irão delinear o destino de outros homens.
As conferências têm esta finalidade, de contextualizar e dar à luz novos factos que contribuam para o conhecimento desses homens que marcaram um tempo e a história. A obra deste proeminente Arcebispo reparte-se por grandes áreas: do seu zelo episcopal à benemerência; da criação de escolas de primeiras letras à fundação de colégios para meninos órfãos e meninas órfãs; da instrução geral à formação profissional; da intervenção social à participação política; da pedagogia à filosofia; da interferência no desenvolvimento das artes e ofícios ao exemplo e pastoral evangélica. Exemplos deste afã são as obras que, ainda, hoje perduram: o Colégio de S. Caetano e o Conservatório do Menino Deus (Lar D. Pedro V).
Para o insigne Arcebispo, só a virtude e a ciência se devem impor à consideração dos povos: «invencivelmente me sinto arrebatado a promover a boa educação dos meninos e meninas pobres». Caetano Brandão viveu em pleno século das luzes, do afã científico e filosófico, como referência suprema da vida humana. Mas as contradições, no século XVIII, subsistem, pois a cultura e o saber continuam a ser património dos privilegiados da vida e da fortuna.
Os mais pobres não têm lugar no plano da sabedoria. Frei Caetano Brandão era, porventura, mais revolucionário, pois concebia que era necessário conciliar o trabalho e o ensino. Um bom trabalhador necessita de ter uma boa formação geral, profissional e moral. A própria evolução da sociedade, o progresso da pátria deveria assentar numa formação geral de todos os cidadãos, começando pelos mais necessitados porque os privilegiados da vida e da fortuna já possuíam os meios, os recursos, as escolas, os colégios de bem e podiam custear os mestres particulares, aios ou preceptores.
O iluminado educador da ordem franciscana é uma figura emblemática da caridade, o rosto visível dos pobres. Inicia-se o programa do simpósio, pelas 9h30, da próxima sexta-feira, dia 16, com a abertura solene pelo magnífico Reitor da Universidade do Minho e uma saudação pelo prof. Doutor António Sousa Fernandes (Director da Revista Bracara Augusta).
Seguidamente decorrerão as seguintes conferências: «a extinção da relação bracarense » pelo prof. Doutor José Viriato Capela (Vice-Reitor da Universidade do Minho) e a «a actualidade de D. Frei Caetano Brandão» pelo prof. Doutor Luís A. de Oliveira Ramos (Director da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Católica). Após o intervalo haverá lugar a uma mesa redonda «D. Frei Caetano Brandão e o seu tempo», coordenada pelo prof. Doutor José Paulo Leite de Abreu e contará com um painel constituído pela Prof.ª Doutora Maria do Rosário Themudo Barata de Azevedo Cruz da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e da Prof.ª Doutora Zília Osório de Castro da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Na tarde do dia dezasseis, com início às 15h00, continua o programa científico, com as conferências: «as pastorais de D. Frei Caetano Brandão» pelo prof. Doutor Franquelim Neiva Soares (Universidade do Minho); «D. Frei Caetano Brandão em Belém do Pará», Padre Ronaldo Menezes (Chanceler da Arquidiocese de Belém do Pará); – «a música no tempo de D. Frei Caetano Brandão» pela prof. Doutora Elisa Lessa (IEC-Universidade do Minho); – «os sombreireiros de D. Frei Caetano Brandão» pelo prof. Doutor Aurélio de Oliveira (Faculdade de Letras da Universidade do Porto). Pelas 21h30, haverá lugar a um concerto de música sacra com música do século XVIII. Do dia 17 de Dezembro, próximo sábado, as conferências, com início às 9h30 horas, terão lugar no Auditório da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Católica, no Guadalupe: «a intervenção sócio-educativa de D. Frei Caetano Brandão, no Pará e em Braga, no contexto do século das luzes» pelo mestre José Carlos Gonçalves Peixoto (Presidente do Conselho de Administração do Colégio de S. Caetano); «a escola médico cirúrgica de D. Frei Caetano Brandão» pela Dr.ª Maria de Fátima Castro (investigadora do fundo documental da Santa Casa da Misericórdia de Braga); «Leonardo Caetano de Araújo, benfeitor do Colégio de S. Caetano» pelo Padre António de Sousa Araújo.
Termina a parte cultural com a apresentação do livro D. Frei Caetano Brandão (1740-1805), o testemunho da fé. A família, de Francisco M. Ponces de Serpa Brandão, a cargo do Mestre José Carlos Gonçalves Peixoto e do autor da publicação, quinto sobrinho neto do prelado bracarense.
Comemoramos 200 anos do seu falecimento, do ilustre Primaz da Igreja Bracarense, que ao exalar o último alento, não deixou bens materiais em seu testamento, mas sementes de esperança. Esperemos que destas conferências saiam sementes de esperança.
Comemoramos 200 anos do seu falecimento, do ilustre Primaz da Igreja Bracarense, que ao exalar o último alento, não deixou bens materiais em seu testamento, mas sementes de esperança. Esperemos que destas conferências saiam sementes de esperança.
(José Carlos G. Peixoto, Presidente do Conselho de Administração do Colégio de S. Caetano)