domingo, 30 de março de 2008

«MOCHO» DE TIBÃES, O «POETA» (5)

Quando regressava diariamente da cidade, a pé, depois de catorze quilómetros percorridos (ida e regresso), era abordado à entrada da aldeia pelos miúdos que lhe pediam: «Sr. Gonçalves queremos uma poesia?». Na hora e, de improviso, soltava alguns versos que enchiam de satisfação a rapaziada. Terminada a sessão dispersavam e o Sr. Gonçalves lá se dirigia para casa enfarinhar-se nos livros.
A prosa, modo de apresentar uma arquitectura do próprio pensamento, pode ser uma forma de poesia horizontal. Por sua vez, a forma curta de métrica poética, representaria uma nova forma de libertação da poesia, ou seja, António Gonçalves estava consciente da dicotomia entre poesia e prosa poética e exemplifica:
Um par de noivos,
Num carreiro escuro,
Ambos agarrados,
Como a hera ao muro.
Sente-se em António Gonçalves uma angústia existencial, uma busca ontológica da providência. Isso é evidente na sua poesia:
Enquanto meus olhos, num rezar ausente
Tristemente pousam numa sombra em cruz…
Uivos, alarido, silvos de serpente,
É Satam que passa em seu domínio ardente
Meu achar doente, sem achar Deus.
Mal fujo aturdido deste antro de treva,
Lá vem nova leva de escravos sem luz,
Vagamente buscam na distância a cruz.
Os habitantes da freguesia conhecem-no, fundamentalmente, por ser um poeta popular, que tinha sempre uma estrofe na ponta da língua:
Eia, pois, avante,
Santo Coração…
Porque a vida é «sim»,
porque a morte é «não».
Estes artigos foram possíveis pela amabilidade do Sr. Avelino Ribeiro da Silva por nos ter disponibilizado algum do seu espólio. O nosso reconhecido agradecimento.

quinta-feira, 27 de março de 2008

EAU VIVE – EM TIBÃES

Lemos no Primeiro de Janeiro de 26 de Março de 2008, que o restaurante a instalar no Mosteiro S. Martinho de Tibães terá a designação Eau Vive - Água Viva, à semelhança dos restantes restaurantes explorados (em Paris e em Roma), pela comunidade que virá para Tibães.
As monjas francesas vão explorar o restaurante e a hospedaria, construídos no que resta das ruínas do noviciado e do antigo hospício do Mosteiro de Tibães.
A vinda desta comunidade deve-se ao arcebispo primaz D. Jorge Ortiga que, na impossibilidade de trazer de novo beneditinos pela escassez dos que ainda existem, conseguiu que esta comunidade de religiosas leigas aceitasse o convite de se implementar pela primeira vez em Portugal.
A filosofia que vai ser seguida pelas religiosas leigas já é conhecida nos restaurantes explorados em Roma, perto do Panteão, e em Paris, próximo do Moulin Rouge. Depois de uma refeição confeccionada pelas monjas, elas disponibilizam-se para conversar com os clientes e para no final rezar em conjunto caso essa seja a vontade dos clientes.

quarta-feira, 26 de março de 2008

MESTRE CASAIS

António Fernandes da Silva, N. 10-04-1924, F. 14-11-2006. Casado em com Conceição da Silva Gomes, N. 12-06-1924. António Fernandes da Silva também conhecido por Mestre Casais, à semelhança do seu progenitor. O nome «Casais» não figura em nenhum nome próprio dos seus antepassados. Já a sua Trisavó, Maria Rosa da Cunha era, igualmente, conhecida por Maria Casais, como se pode constatar pelo Assento de Baptismo (a seguir) de Maria (Teresa) da Silva, mãe de José Gonçalves da Silva. Certidão onde aparece pela primeira vez o nome «Casais».
«Casais» terá origem na profissão dos antepassados de António Fernandes da Silva. Muitos deles foram rendeiros de terras pertencentes aos Beneditinos de Tibães. Esses rendeiros eram vulgarmente designados por «Casales». Que daria, posteriormente, e, por evolução da língua, origem ao nome «Casais». Este facto é, igualmente, constatável em localidades próximas de comunidades conventuais. António Fernandes da Silva era filho de:


José Gonçalves da Silva, N. 26-4-1901, F. 14-12-1998. Casado em 30-3-1923 com Deolinda G. Fernandes, N. 11-8-1873, F. 4-3-1956. José Gonçalves da Silva era filho de:


António José Gonçalves (da Silva), N. 7-8-1858, em Tibães, Prof. Ferreiro. Casou em 14-5-1883, em Tibães, com Maria (Teresa) da Silva, N. 26-7-1862, prof. Jornaleira. Sepultada na Campa 11 dos Claustros do Convento. Filha de:


José Ferreira da Silva e Inácia da Cunha, N. 16-8-1832, em Padim da Graça, prof. contratadeira de pano. Filha de:


Maria Casais ou Maria Rosa da Cunha, N. 10-3-1796, em Padim da Graça. Casada em 18-12-1823 com António José da Cunha, N. 16-3-1795. Filho de:


Ana (Maria) Gonçalves, N. 3-6-1765. Casada, em 16-6-1791, com Manuel José da Cunha, N. 12-5-1769. Filho de:


Feliciano Francisco Pereira, F. 11-12-1824. Casado, em 18-3-1774, com Teodósia Francisca da Cunha, N. 11-12-1747, F. 23-5-1824. Filha de:


Ana Francisca, N. 27-3-1711, F. 1-2-1787. Casada com António da Cunha, N. 29-12-1717, F. 12-6-1801. Filho de:


João Vieira e de Gertrudes da Cunha, F. 5-6-1724. Filha de:


João Osório da Cunha, F. 12-3-1708, Casado em 30-5-1698 com Mariana Ferreira, baptizada em 4-9-1678.

terça-feira, 25 de março de 2008

O «MOCHO», FILÓSOFO E HOMEM DE FÉ (4)

«Mocho» era alcunha de António Gonçalves. Na sua casa havia, mesmo, um mocho em bronze no interior de um nicho.
Sobre a Ciência tinha uma perspectiva interessante. Para ele, a Ciência brinca com as ideias, como as crianças brincam com as areias na praia. A Ciência, em seu entender, é irmã gémea da arte, ou, como dizia Platão, a beleza é o resplendor da verdade.
Como foi em artigo anterior, embora não frequentasse a Igreja era, no entanto, um homem de fé.
Quando B. Kuznetsov comenta a vida privada de Einstein, recordando que era um espírito continuamente activo pois nem mesmo às horas da refeição descansava, por esta razão o seu casamento começou a desmoronar-se e o desacordo com Mileva intensificou-se. Sobre esta atitude de Einstein, António Gonçalves, escreve que isto lhe faz lembrar Bertrand Russell e vai mais longe: «tal, como eu, dificuldades matrimoniais … Que me sirva de consolação…».
Na sua ilustrada biblioteca figuravam os dois volumes de B. Kuznetsov sobre Albert Einstein. Nos comentários que produziu nas margens destes livros, podemos sintetizar as suas ideias:
- a consciência da humanidade que a base das religiões superiores expressas nas várias civilizações revela a cada passo a sua origem divina;
- Cristo é o símbolo da fusão de Deus e da humanidade;
- era preciso «canonizar» o materialismo;
- nem espaço, nem tempo, nem causalidade são materialidades puras, mas são provavelmente atributos da omnipotência divina, criadora do universo e das leis que o regem;
- o espaço e o tempo não podem adicionar-se, por serem categorias de natureza distinta: o espaço do mundo é finito; mas o tempo é infinito;
- o critério Einsteineano de «perfeição interna» e de «confirmação externa» são equivalentes à revelação transcendental de origem divina;
- a fé íntima de Einstein na harmonia de um mundo cognoscível era uma fonte das intuições internas, que lhe alimentaram o espírito.
Os seus comentários aos dois volumes de Kuznetsov sobre Albert Einstein terminam com uma afirmação surpreendente: «o erro de Einstein consiste fundamentalmente em atribuir ao espaço e ao tempo uma estrutura atómica, como se houvesse átomos de espaço ou átomos de tempo. É aqui que naufragam as teorias da relatividade de Einstein e o seu princípio da causalidade».
Outro livro objecto da sua análise, era da autoria de João Ameal intitulado São Tomaz de Aquino. Também aqui abundam as suas proposições:
- a inteligência busca a presença da causa em tudo, excepto em Deus, mas Deus não podia ser nosso Pai, se Cristo não fosse nosso irmão desde a eternidade;
- é provável que a razão humana seja uma revelação natural do criador;
- maior e menor são termos relativos às coisas extensas, isto é, a coisas existentes no espaço.
Deus não é maior nem menor, porque não é extenso nem existe no espaço nem no tempo, como a natureza, mas é eterno e imenso, isto é, preexistente ao espaço e ao tempo;
- enquanto a natureza, ou Universo, não foi criada, embora já existisse no projecto divino, faltava-lhe a perfeição da realidade objectiva;
- não nos é vedado, em absoluto, o conhecimento da essência de Deus, visto que sabemos que é essencialmente activo, criador, eterno e imutável, etc, o que já não é pouco e nos prepara para um conhecimento melhor;
- a propósito da expressão «primeiro motor imóvel» de São Tomaz de Aquino, argumenta que não gosta da designação de «motor» aplicada a Deus. Deus não é motor de qualquer tipo preexistente da matéria, mas sim Criador do Universo a partir do zero… é da omnipotência divina que dimana a potência e o acto de criar o universo, a partir do zero;
- para António Gonçalves é inequívoca a expressão «Deus existe na eternidade». Não há nenhuma eternidade distinta de Deus. Deus é que tem necessariamente o atributo da eternidade;
- se houvesse vários Deuses, nenhum deles seria infinito… e nenhum deles seria Deus;
- comentando a solução dos maniqueus, adianta que sem a experiência do bem e do mal, não haveria consciência humana, nem humana liberdade.
Quando comenta uma expressão que vem no livro Fernando Pessoa, Páginas Íntimas e de Auto-Percepção, textos estabelecidos e prefaciados por Jacinto Prado Coelho e Georg Rudolf Lind, «Regresso aos Deuses», ele comenta: ao contrário, comungo com Erasmo no Regresso a Cristo».

domingo, 23 de março de 2008

O COMPASSO EM TIBÃES




Nesta noite de Páscoa, escrevo para muitos emigrantes, que longe lutam pelo pão, mas com o espírito presente na sua aldeia, no seu lugar, nas Páscoas anteriormente vividas, mas que, agora, o tempo não permite.
Na Páscoa (do hebraico Pessach, passagem) comemoramos a Ressurreição de Jesus Cristo depois da sua morte por crucificação que teria ocorrido nesta altura do ano em 30 ou 33 d.C.
O Compasso Pascal é, com certeza, a maior manifestação da festa da Páscoa no Minho, sendo aproveitado para a reunião das famílias.
O Norte está recheado de tradições como o “compasso”, que de porta em porta à espera do anúncio da “aleluia”, ao som do toque das campainhas e o olhar sempre caído nas doçarias tradicionais.
O compasso anda na rua! Familiares, vizinhos e amigos apressam-se a desejar as "Boas Festas", enquanto que o Padre, de casa em casa, leva a mensagem: Cristo Ressuscitou / Aleluia … Aleluia …
Este ano, em Tibães, o compasso saiu à rua pelas 08.00 horas, já o sol envergonhado cobria esta terra com os seus doces raios, em contraste recolheu, com uma pequena procissão a partir do cruzeiro, pelas 19.30 com gotas de chuva, quais pingos de mel.
Durante todo o dia, cinco cruzes, duas presididas por padres e três por leigos, mais os mordomos da cruz e da cera, convidados com os saquinhos para as ofertas, com a caldeira da água benta, rapazes das sinetas, entraram em todas as casas da freguesia, recebidos com alegria por uns, com foguetes por um ou outro, com uma mesa farta por alguns, com esperança que a dor desapareça, ainda, por outros.
A Páscoa, nesta terra, é preparada e vivida com muita fé, embora a tradição tenha sofrido algumas alterações, até já não se estreia a roupa nova como era antigamente.

sexta-feira, 21 de março de 2008

A ÁGUA E O BOM JESUS DO MONTE

A água como recurso natural, sendo simultaneamente um bem comum, indispensável e esgotável, deverá ser respeitada, porque é essencial à vida. Segundo alguns cientistas, «O berço da própria vida».
Após o nosso planeta ser observado e fotografado por várias missões espaciais, foi dito que, ao invés de Terra, o mesmo deveria ser chamado de Água. Quando olhamos a fotografia do planeta, percebemos que a água ocupa a maior parte. O que vemos em branco são nuvens e em marrom os continentes.
Assim dar valor á água é preservar a vida, porque ela é, em si mesma, fonte de vida. Sendo um “bem público”, é património de todos os seres vivos.
A Água está na origem do mundo: o “Espírito de Deus pairava sobre as águas”; A arca de Noé; as águas do dilúvio; a travessia do mar Vermelho; a travessia do Rio Jordão que leva o Povo de Deus à Terra Prometida; no alto da cruz, do seu coração trespassado jorram sangue e água, é fonte das águas vivas “Quem beber desta água não terá mais sede. E a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água que jorra para a vida eterna”.
A água é um elemento constantemente presente a quem visita o Bom Jesus do Monte: nas suas fontes cristalinas, no jorrar abrupto por entre a vegetação, na elevação do ascensor, nos escadórios dos cinco sentidos.
As fontes são constantes no santuário e representam, além de saciar a sede, a possibilidade de retemperar forças. Simbolicamente beber «a água viva» significa purificar o corpo e o espírito e estão disseminadas ao longo de toda a estância do Bom Jesus, ora ladeando capelas, ora ornamentando os escadórios, ora isoladamente para ir de encontro às necessidades do devoto.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Semana Santa e Páscoa em Tibães

Procissão de Ramos



A celebração da Semana Santa e da Páscoa constituem o momento culminante de todo o ano litúrgico.
É a manifestação clara de que somos uma comunidade que vive o mistério central da sua fé e que, no meio de tanta azáfama, sabe encontrar tempo para o essencial.
O programa destas celebrações é muito rico:
- Dia 15 de Março, sábado, Via-sacra pelas Ruas da paróquia, organização do Grupo de Jovens;
- Dia 16, bênção de ramos, junto do Cruzeiro, seguida de Missa;
- Dia 20, Missa com lava-pés, às 20 hs, no Mosteiro;
- Dia 21, Celebração da Paixão do senhor no Mosteiro, pelas 20 hs;
- Dia 22, Vigília Pascal, pelas 21 hs, com a bênção do lume novo, junto do cruzeiro;
- Dia 23, Domingo de Páscoa, com a visita do Compasso Pascal, constituído por cinco cruzes.

sábado, 15 de março de 2008

Conselheiro Leonardo Caetano de Araújo e o Bom Jesus do Monte

O Conselheiro Leonardo Caetano de Araújo nasceu em Parada de Gatim, a 11 de Maio de 1818,
Quatro anos antes da independência (1822, 7 Set.) do Brasil e faleceu no Rio de Janeiro, aos 85 anos, como 0 mais antigo membro da Colónia Portuguesa, a 5 de Junho de 1903.
O seu pai nasceu, em 1761, chamava-se António Jose da Silva e casou, em Parada de Gatim, duas
vezes. Ala em 1792, aos 31 anos, com Maria Joana (do lugar de Aldeia Nova, filha de Tomás Francisco e Catarina Fernandes), a qual, nove anos depois, 0 deixou viúvo com um filho e urna filha, de 7 e 3 anos.
Em Junho de 1802, já com 41 anos, contraiu matrimónio, com uma jovem de apenas 17 anos, chamada Maria Caetana de Araújo, havia nascido em 1785, no lugar do Monte, em Cabanelas, no seio de uma família numerosa. Deste casamento nasceram pelo menos cinco rapazes e seis raparigas. Foi póstuma a ultima rapariga, que nunca viu 0 pai nem 0 pai a ela. O futuro Conselheiro foi 0 penúltimo filho e contava, em 13 de Novembro de 1820, quando o pai faleceu, apenas dois anos e meio.
Fixou-se no Rio de Janeiro, onde angariou tal fortuna que lhe permitiu ser plenamente notável Português no Brasil e admirado Brasileiro em Portugal. O Conselheiro assegurou à sua custa 0 funcionamento total do Hospital da Real Sociedade da Beneficência Portuguesa do Rio de Janeiro, durante o mês de Fevereiro de 1865.
Alargou a sua benemerência ao seu pais de origem, contribuindo para obras diversas de Coimbra, do Porto, de Braga (Colégio da Regeneração, Colégio dos Órfãos de S. Caetano, e Santuário do Bom Jesus do Monte.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Camilo Castelo Branco no Bom Jesus do Monte

Camilo Castelo Branco (1825-1890), autor do livro NO BOM JESUS DO MONTE, foi um amante da estãncia do Bom Jesus do Monte. Desde muito cedo conviveu com este lugar de repouso e de lazer. Tinha dez anos quando visitou, pela primeira vez, este lugar sagrado e irradiador de fé.
A sua serviçal teve de passar pelo Bom Jesus para cumprir uma promessa: «Tinha dez anos e estava ajoelhado na capela onde se venera a imponente escultura» escreve Camilo em Memórias do Cárcere.
Também na Brasileira de Prazins, o Padre Luís refere-se a Braga para dizer que umas «bestas de Braga, de apelido Botelhas, tinham enviado uma importante quantia em dinheiro a D. Miguel que está escondido em Portugal».
Em 1850 encontra-se no Bom Jesus do Monte com D. João de Azevedo, que era jornalista, poeta, romancista e dramaturgo. Foi aqui que Camilo diz ter ouvido D. João Azevedo falar da espiritualidade, literatura e nas Senhoras de Braga.
Em 1858, Camilo e Ana Plácido encontraram-se no Bom Jesus do Monte, tornando-se aí amantes para o resto da vida. Encontraram-se várias vezes nesta estância, onde, por vezes, Ana era acompanhada pela irmã Maria José Plácido, procurando saúde na pureza dos montes.
O isolamento despertava-lhe uma sensibilidade mórbida, que se converteu em nevralgias, que o não deixavam demorar-se num sitio, ora em Braga, no Bom Jesus do Monte, ora na Povoa de Varzim, no Porto, na Foz, tendo apenas um único alivio, o trabalho mental.
Em Agosto de 1868 escrevia a Castilho: «A doença faz-me andar de terra em terra, como quem anda a fugir da morte. Amanhã vou para o Bom Jesus do Monte e depois não sei para onde irei». Esta expressão é reveladora do seu estado de espírito «em toda a parte estou bem ou não estou bem em parte nenhuma».
Quando deambulamos pelos locais frequentados por Camilo, no Bom Jesus do Monte, espaço amplo onde sobressai a geometria dos seus jardins, quase o imaginamos a escrever as suas "Novelas Minhotas".

segunda-feira, 10 de março de 2008

ANTÓNIO GONÇALVES - «O MOCHO» (3)

ANTÓNIO GONÇALVES - «O MOCHO» (3)
António Gonçalves frequentou Direito em Coimbra. Quando faz uma abordagem ao livro O Homem esse desconhecido, de Alexis Carrel, (ed. Educação Nacional, Porto, 1942), afirma, a deformação profissional é evidente nos advogados, outro erro dos advogados é suprimir do inventário uma parte da realidade.
No que toca a Coimbra, Fidelino de Figueiredo na História Literária de Portugal (1944), cita o livro Murmúrios de Couto Monteiro, popular autor de Cabulogia, pretexto para António Gonçalves «O Mocho» expressar-se: «muitos dos poetas Coimbrãos, formados em cabulogia, pagaram tributo honroso à nossa literatura e à nossa arte. A sua sabedoria foi, por vezes, fecunda».
Outro Livro História da Ciência de William Cecil Dampier foi objecto de uma análise profunda de António Gonçalves. Começou esta análise pela afirmação «a aplicação do cálculo matemático às mais altas Ciências da Natureza por sábios como Newton e Einstein, dá razão aos inspirados fundadores da escola pitagórica. Sem tal cálculo não pode haver medida e a medida é o primeiro requisito da ciência». Relativamente à descontinuidade do tempo, levantada na pág. 28, do citado livro, expõe: «se o tempo não é nada substancialmente, mas é a medida do movimento, o “quantum” de acção conduz-nos à descontinuidade do movimento e consequentemente à descontinuidade do tempo». Segundo ele, da teoria de Demócrito deriva o materialismo clássico, de que o materialismo dialéctico é derivado. Há uma única maneira de refutar qualquer materialismo, é demonstrar que a matéria não é eterna e foi criada, dando origem ao tempo, como com os acontecimentos em que a matéria intervém.
O espaço e o tempo, na opinião de A. Gonçalves, não são propriedades da matéria, são propriedades do pensamento, sem as quais o Homem não pode pensar.
A propósito de uma afirmação de Newton que Deus é imanente na natureza, ele contra-argumenta, creio que é a Natureza que está imanente em Deus.
A propósito da filosofia evolucionista, comenta: «a sobrevivência do mais apto? E quando os mais aptos, em vez de buscarem sobreviver, lutam até à morte em defesa da Pátria e daqueles que amam? Há até animais que sacrificam a vida por aqueles que amam…» e acrescenta «a Teoria da Evolução pretende ser uma explicação geral do desenvolvimento da vida na terra, mas não sabe como a vida começou… e esse mistério das origens leva-nos inevitavelmente até Deus».

domingo, 9 de março de 2008

ANTÓNIO GONÇALVES - «O MOCHO» (2)


Era um católico, crente em Deus, mas não praticante. Recebia sempre o compasso em sua casa, pela Páscoa, reservando sempre algum tempo para junto do pároco lhe indicar ou ler alguma passagem de um dos seus livros.
Tinha uma caligrafia bonita e uma escrita fluente, própria de quem domina os assuntos.
Nas Confissões de Santo Agostinho, anotou ele na contracapa do livro: «S.to Agostinho nasceu em Tagaste, na África do Norte, no ano de 354 e foi baptizado aos 33 anos de idade por S.to Ambrósio, então Bispo de Milão. Morreu em 420, como Bispo de Hipona, cuja sede ocupou durante 25 anos.
Foi uma alma muito penetrante por vezes, mas também foi contraditório e falho de serenidade. A ele se devem estas frases: - Não acreditaria nos Evangelhos se não mo ordenasse a autoridade da Igreja Católica …; Fora da Igreja não hà salvação…
As dificuldades de Santo Agostinho quanto á criação ex nihilo são evidentes nos livros onze e doze. Entretanto, como a criação ex nihilo faz parte do Credo de Nicéia, obrigatório na Igreja desde o ano da graça de 325, o Bispo de Hipona aceita ex professo a criação do mundo a partir do nada», ou seja, quando S.to Agostinho diz «Do nada, pois, Senhor, fizestes o céu e a terra», é, na opinião do «Mocho» , para não incorrer no anátema da igreja que, no Concílio de Niceia, formulara o dogma da criação ex nihilo.
No Livro décimo, ponto 12, A Memória e as Matemáticas, escreve S.to Agostinho: « Mas os números são uma coisa e as ideias que exprimem, outra». Relativamente ao pensamento de S.to Agostinho contrapõe o «Mocho» de Tibães: «As ideias que exprimem os números são abstracções algébricas. Embora as ideias matemáticas sejam abstractas elaborações do entendimento, parece muito provável que elas derivam de sensações concretas dos números, como diz William Dampier na sua História da Ciência: « Para nós, o conceito de número é-nos familiar».
No Livro onze, ponto 15, As três divisões do tempo, escreve, igualmente, S.to Agostinho: «Logo o tempo presente não tem nenhuma extensão». Acrescenta António Gonçalves, «o Mocho» de Tibães: «O mesmo acontece ao ponto geométrico, é inextenso». Mais à frente esclarece o seu pensamento: «se o presente não tem extensão, também a não tem, nem o passado nem o futuro, o passado já foi presente e o futuro há-de sê-lo. Mas será assim? O ponto geométrico é inextenso e, no entanto, a linha e a superfície já são extensas».
Também no Livro onze, ponto 24, O Tempo não é o Movimento dos Corpos, Escreve S.to Agostinho: «Portanto sendo diferentes o movimento do corpo e a medida da duração do movimento, quem não vê qual destas duas coisas se deve chamar tempo?» Responde o Sr. Gonçalves: «O tempo é a meu ver um reflexo da eternidade. Se a matéria e a energia se conservam, porque não há-de conservar-se o espírito, assegurando-nos o acesso à vida eterna? Os materialistas, positivistas, ou relativistas consideram o tempo, o espaço e a vida, como propriedades da matéria, no que se enganam. Dizer que o espaço é propriedade dos objectos que o ocupam é dizer que o mar é propriedade dos peixes».
Para rematar o livro Onze de S.to Agostinho, o «Mocho» desenvolve o seu pensamento: «É verosímil que antes da criação da matéria, do tempo e do espaço, Deus criasse os seres espirituais. Orígenes, que Augusto Messer (História da Filosofia) apresenta como o maior sábio da sua época, ensinava que a criação do mundo foi feita a partir da eternidade, como a geração de Cristo, porque o poder e a bondade de Deus não poderiam existir sem um mundo onde se manifestassem. De acordo com isto, Orígenes, acredita na preexistência das almas».
Relativamente ao Livro doze, capítulo 6, O Conceito de Matéria, S. Agostinho concebia um meio termo entre a forma e o nada, que não fosse nem forma nem nada, mas um ser informe próximo do não-ser. António Gonçalves acrescenta esta nota, a distinção entre o nada absoluto e o nada relativo é artificial. O nada é nada, por abstracção de tudo, embora seja impensável.
Nesta análise, António Gonçalves deixa transparecer, por fim, o seu pensamento: « eu até creio na supereternidade do criador…; Acaso, possibilidades, probabilidades, futuridades, tudo foi criado por Deus.




ANTÓNIO GONÇALVES - «O MOCHO» (1)

António Gonçalves nasceu a 19 de Maio de 1883 e faleceu a 8 de Janeiro de 1972, mais conhecido na aldeia pela alcunha «o mocho».
Donde viria essa alcunha? Com certeza da sua erudição filosófica, científica e jurídica.
Chegou a frequentar a Universidade de Coimbra em Direito.
Pessoa muito viajada e cosmopolita. Em 1925 atravessava as águas do Atlântico.
O homicídio do seu irmão Manuel Gonçalves, em 5 de Março de 1924, é pretexto para a sua obra Psicologia de um processo-crime, editada nas Oficinas de O Commercio do Porto, em 1925.
Apesar da sua erudição, tornou-se uma personalidade típica da freguesia, agricultor e de trato fácil para a população.
Diariamente, dirigia-se a pé, à cidade, regressando, sempre, com o jornal debaixo do braço e sempre com uma palavra ou um poema, de improviso, para aquele que o abeirava.
Tive o privilégio de o conhecer e de privar com ele, na minha adolescência. Notava que ele via em mim, um dos poucos habitantes capazes de aguentar uma conversa filosófica, um debate científico. Em sua casa, não havia mais espaço para livros. Na sala de entrada, após ultrapassar umas íngremes escadas em pedra, deparávamos com estantes repletas de livros até ao tecto.
Quando o assunto despertava, ele tinha sempre o livro certo para me indicar. Não me esqueço que os seus livros estavam muito anotados e quase sempre com referências a discordar do autor.

O Bom Jesus do Monte e Raoul Mesnier du Ponsard

Raoul Mesnier du Ponsard, nasceu em São Nicolau, Porto, a 2 de Abril de 1848 e faleceu em Inhambane, Moçambique, em 1914.
Raul Mesnier formou-se em Matemática e Filosofia na Universidade de Coimbra e em Engenharia Mecânica na França. Percorreu a Suiça e a Alemanha onde frequentou as principais escolas-oficina, em contacto com projectistas e fabricantes de material ferroviário. Aprendiz de Gustave Eiffel.
Manuel Joaquim Gomes foi o criador do Ascensor do Bom Jesus do Monte, inaugurado em 25 de Março de 1882. Entre os vários sistemas de funiculares, Manuel Joaquim Gomes optou para o Bom Jesus do Monte, o que havia sido adoptado no Monte Giesbach, na Suiça, sendo encarregado do plano e da direcção da construção o Engenheiro Civil Raoul Mesnier du Ponsard, portuense e de ascendência francesa, bem como a colocação do material ao Sr. Mayer, empregado de Riggenback (Correspondência do Norte, 5 de Abril de 1882. O Ocidente, revista literária, 1 de Maio de 1882).
Este funicular foi o primeiro a ser implantado em Portugal, que partia do sopé da montanha, lado norte das primeiras capelas no local onde termina a linha dos carris americanos, finalizando ao nível do jardim situado no lado norte do escadório do Santuário do Bom Jesus do Monte. O seu mentor impulsionou grandes obras e projectos na cidade de Braga: uma modelar padaria (fundada em 1874); a Companhia dos Americanos (transporte urbano da cidade) e o Grande Hotel, da Avenida Central. Prestou valioso auxílio à Fábrica de Ruães. Montou no Porto a Padaria das Quatro Nações e chegou a tomar de arrendamento o Grande Hotel da Boa Vista, hoje Hotel do Elevador.
Para Manuel Joaquim Gomes a trilogia Eléctrico, Elevador e Hotel fariam convergir e prender a atenção dos forasteiros ao pitoresco e encantador lugar.
Sobre o ascensor do Bom Jesus do Monte aconselhamos a leitura do livro O Elevador do Bom Jesus do Monte, de J.M. Lopes Cordeiro e outros. Neste Livro, na pág. 127, em agradecimentos faz-nos uma menção, mas, por lapso, escreveram, Dr. João (José) Manuel (Carlos) Gonçalves Peixoto.
Mesnier é considerado o pai dos elevadores da capital portuguesa e fundador da Companhia dos Ascensores Mecânicos de Lisboa, nomeadamente, os elevadores de Santa Justa (inauguração a 10 de Julho de 1902), Glória (inauguração a 24-10-1885), Bica (1892) e Lavra (inauguração em 19-04-1884), no Porto o funicular dos Guindais e o Elevador da Nazaré (1889).

terça-feira, 4 de março de 2008

O Bom Jesus do Monte e a Fotografia

Foto de Emílio Biel

Numa época em que Braga, ainda, não tinha fotógrafos, o Fotógrafo Fritz, artista alemão, da cidade do Porto, foi o primeiro que divulgou fotografias sobre o Bom Jesus do Monte.
Em 1862, Fritz elaborou um álbum sobre o Bom Jesus do Monte para apresentar a El-Rei D. Luís, cf. Revista de Braga, anno 1, n.º 2, de 6 de Março.
Em 1868, Luís Vermell, Natural de Barcelona, conhecido pelo cognome de «el peregrino Espanol», apresentou uma exposição, nesta cidade, onde, também, se pode encontrar fotografias do Bom Jesus do Monte, cf. O Bracarense de 21 de Maio de 1868. Viveu durante algum tempo em Braga. Autor do oratório, que a princípio esteve no ângulo da rua do Forno Com a de S. João do Souto e que recorda um feroz combate que por ali teve lugar entre a divisão cabralista, comandada pelo general José de Barros e Abreu de Sousa Alvim e as forças legitimistas sob o comando do general Macdonell, no dia 20 de Dezembro de 1846.
Em 1878, o fotógrafo Fritz esteve alguns dias no BJM, a fotografar os locais de mais significado para serem postos à venda, segundo contracto com a confraria, O Commercio do Minho, 3 de Agosto.
Em 1883, A Confraria do Bom Jesus do Monte assina um contrato para obtenção de imagens da estância com Karl Emil Biel, conhecido como Emílio Biel (Amberg, 1838 - Porto, 14 de Setembro de 1915). Foi um negociante, editor e fotógrafo alemão, considerado um dos precursores da fotografia em Portugal. É considerado um dos introdutores da fototipia (processo de impressão com tinta forte em meio de gelatina bicromada e exposta ao sol) em Portugal. Em 1874 comprou a Casa Fritz (mais tarde conhecida por Casa Biel) na Rua do Almada, casa comercial dedicada à fotografia, iniciando, assim, a sua carreira no mundo da fotografia. Mais tarde, a "E. Biel & Cia" passou para o Palácio do Conde do Bolhão, no n.º 342 da Rua Formosa. No início da Primeira Guerra Mundial, pouco antes de falecer, viu todos os seus bens serem confiscados devido à sua origem alemã.
Em 1886, José da Costa Abreu (Fotógrafo), morador na cidade de Braga, venceu o primeiro concurso para o fornecimento de fotografias da estância (acta de 5 de Novembro).

segunda-feira, 3 de março de 2008

O Bom Jesus do Monte e Raul Lino

O Arquitecto Raul Lino foi um polifacetado artista, pensador e arquitecto português, nascido em 21 de Novembro de 1879. Ao longo da sua laboriosa e extensa vida, pois veio a falecer em Julho de 1974, foi sempre uma testemunha avisada e crítica das estruturais transformações que modificaram e caracterizaram o século XX.
Com a eventual destruição do coreto da esplanada do templo, construído a expensas do irmão benemérito Bernardo Sequeira, que se impunha gritantemente por afrontar a grandiosidade do local, impôs-se a construção de um novo coreto, nos finais da década de vinte, tendo a mesa aproveitado os desenhos e a memória descritiva que o arquitecto Raul Lino tinha apresentado há mais de uma dúzia de anos (em 21 de Novembro de 1913), juntamente com outros desenhos para a Casa das Estampas. Mas antes de iniciar as obras do coreto, a mesa voltou a pedir nova opinião do arquitecto Raul Lino que foi do seguinte teor: «O coreto tal como está, afronta o local e o templo. A sua situação é, todavia, aproveitável estando, no entanto, em igualdade de circunstâncias sem uma outra, mais em cima, próxima da gruta. Opto, todavia pela actual situação para poder fazer-se o aproveitamento da base granítica, o que, sob o ponto de vista económico, é muito importante, sendo, também, aconselhável, a localização actual por ser a que está mais em contacto com o público a quem o coreto tem de servir. Uma só dificuldade apareceria: é a de que o meu estudo antigo é sobre o redondo; mas eu modificá-lo-ei sobre o oitavado da base actual, não devendo ficar menos interessante».
A mesa, couraçada com esta opinião, vendeu, de imediato, a parte metálica do coreto para S. Bento da Porta Aberta por 6.000#00, substituindo-a por um encantador conjunto com 8 belas colunatas de granito, segundo concepção do arquitecto Raul Lino. Esta transformação, processou-se, ainda, com os donativos do Sr. Bernardo Sequeira, facto que justificou uma placa de homenagem.
Após obras de reconstrução dirigidas pelo arquitecto Raul Lino, a biblioteca passa a ocupar o espaço da Casa das Estampas, em 1926.
É sob o mandato de Lopes Gonçalves, na CMB, que se substitui o anacrónico comboio para o Bom Jesus, puxado por uma pequena máquina – a chocolateira – pelos eléctricos.
Também se deve a Lopes Gonçalves o convite ao Arquitecto Raul Lino para apresentar um estudo para o melhoramento da estância: Casa das Estampas, Novo Coreto, Casino. Além destas intervenções conhecemos outras da autoria de Raul Lino no Bom Jesus do Monte: Chalet dos Benfeitores, Casa dos Capelães, Hotel do Parque, Hotel Sul-Americano e Quiosque.
Infelizmente, no Arquivo da Confraria não encontramos os projectos do famoso arquitecto português. Mas, felizmente, não estão totalmente perdidos, pois a Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian possui o espólio do Arquitecto Raul Lino (1879-1974) doado pela família à Fundação Gulbenkian na década de 80, composto de 19 mil desenhos relativos a 667 projectos de Raul Lino que inclui memórias descritivas, fotografias, correspondência e recortes de imprensa.
Neste espólio encontramos os projectos de Raul Lino para a estância do Bom Jesus do Monte, que, logicamente, deveriam estar na posse do Arquivo da Confraria.
Vejamos o espólio de Raul Lino, relativo à estância do Bom Jesus do Monte e que faz parte do catálogo da Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian:
- Alçados, plantas, pormenores: transformação da casa denominada "chalet dos benfeitores", 1929. 1 desenho original; 1:10, 1:100; 49x87 cm;
- alçados, corte, plantas, pormenores: transformação da Casa dos Capelães, 1929-1930. 4 desenhos originais; 1:5 a 1:100; 28 x 20,5 cm a 49 x 85,5 cm;
- Alçados, plantas, pormenores: Hotel do Parque, Hotel Sul Americano, [s.d.]. 4 desenhos originais; 1:1 a 1:100; 42,5 x 62 cm;
- Alçados, corte, plantas, pormenores: quiosques, [s.d.]. 3 desenhos originais; 1:1 a 1:50; 36 x 28,5 cm, 57 x 58 cm;

- Alçados, plantas, pormenores: estação do elevador, [s.d.]. 2 desenhos originais; 1:1 a 1:50; 30,5 x 71,5 cm;
- Memória descritiva: alterações, Hotel do Parque: [s.d.]. 2 folhas;
- Correspondência datada de 1932 e 1936. 2 documentos;
- Plantas: casino, [s.d.]. 5 desenhos (2 originais, 3 cópias); 1:100; 35 x 63 cm, 34 x 78 cm;
- Alçados, cortes, plantas: casino, 1925. 7 desenhos originais; 1:100; 26 x 32,5 cm a 29 x 81 cm;
- Pormenores: casino, 1929-1932. 10 desenhos originais; 1:1 a 1:100; 46 x 30,5 cm a 55,5 x 70 cm;
- Memória descritiva: obra do casino, projecto de decoração, nota prévia justificativa e descrição: 1930. 10 folhas;
- Memória descritiva: obra do casino, projecto de decoração, nota prévia justificativa e descrição: 1930. 9 folhas;