quinta-feira, 13 de março de 2008

Camilo Castelo Branco no Bom Jesus do Monte

Camilo Castelo Branco (1825-1890), autor do livro NO BOM JESUS DO MONTE, foi um amante da estãncia do Bom Jesus do Monte. Desde muito cedo conviveu com este lugar de repouso e de lazer. Tinha dez anos quando visitou, pela primeira vez, este lugar sagrado e irradiador de fé.
A sua serviçal teve de passar pelo Bom Jesus para cumprir uma promessa: «Tinha dez anos e estava ajoelhado na capela onde se venera a imponente escultura» escreve Camilo em Memórias do Cárcere.
Também na Brasileira de Prazins, o Padre Luís refere-se a Braga para dizer que umas «bestas de Braga, de apelido Botelhas, tinham enviado uma importante quantia em dinheiro a D. Miguel que está escondido em Portugal».
Em 1850 encontra-se no Bom Jesus do Monte com D. João de Azevedo, que era jornalista, poeta, romancista e dramaturgo. Foi aqui que Camilo diz ter ouvido D. João Azevedo falar da espiritualidade, literatura e nas Senhoras de Braga.
Em 1858, Camilo e Ana Plácido encontraram-se no Bom Jesus do Monte, tornando-se aí amantes para o resto da vida. Encontraram-se várias vezes nesta estância, onde, por vezes, Ana era acompanhada pela irmã Maria José Plácido, procurando saúde na pureza dos montes.
O isolamento despertava-lhe uma sensibilidade mórbida, que se converteu em nevralgias, que o não deixavam demorar-se num sitio, ora em Braga, no Bom Jesus do Monte, ora na Povoa de Varzim, no Porto, na Foz, tendo apenas um único alivio, o trabalho mental.
Em Agosto de 1868 escrevia a Castilho: «A doença faz-me andar de terra em terra, como quem anda a fugir da morte. Amanhã vou para o Bom Jesus do Monte e depois não sei para onde irei». Esta expressão é reveladora do seu estado de espírito «em toda a parte estou bem ou não estou bem em parte nenhuma».
Quando deambulamos pelos locais frequentados por Camilo, no Bom Jesus do Monte, espaço amplo onde sobressai a geometria dos seus jardins, quase o imaginamos a escrever as suas "Novelas Minhotas".