quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

CASAS E PALACETES DE BRAGA

CASA DO AVELAR

Que remontará à primeira metade do século XVI, era certamente na época, uma das construções civis mais importantes. Ao longo do tempo sofreu várias influências e intervenções e em 1942 foi objecto de grandes obras de restauro.

O PALACETE ROCHA VELLOZO
OU MATOS GRAÇA
Localiza-se no gaveto da Avª 31 de Janeiro com o largo da Senhora-a-Branca em Braga. Dele apenas resta a imponente fachada norte, parte da fachada poente e uma pequena secção da fachada nascente. É uma construção da segunda metade do século XIX. Casa de “brasileiro” que documentava exuberantemente uma época ricamente decorada nos seus interiores com pinturas murais (nomeadamente do artista bracarense Vicente José Silva e magníficos tectos em gesso de estilos e gostos epocais típicos. Foi mandada edificar por um torna-viagem que em 15-07-1871, tinha então 41 anos de idade, casou por procuração com uma sobrinha de 17 anos, de seu nome Maria Amélia de Rocha Vellozo, natural de S.Paio de Merelim, concelho de Braga. Deste casamento, nasceu Mariana da Rocha Vellozo em 19-09-1886, que por sua vez casou em 20-10-1902 com José Luís de Matos Graça. Daqui a razão da toponímia atribuída ao Palacete de Rocha Vellozo ou Matos Graça.

A CASA DA NAIA
Também conhecida como Casa da Quinta da Naia é um imóvel de arquitectura civil, inserido
em contexto rural e considerado Imóvel de interesse público. D. L. n.º 129/77 de 29 de Novembro. São escassas as informações acerca da casa e dos restantes elementos construídos que a rodeiam e que com ela, formam um interessante conjunto arquitectónico; no entanto, é possível situar a sua edificação entre os finais do século XVII e princípios do Século XVIII. Apesar dos evidentes sinais de degradação, a Casa da Naia possui uma grande beleza e equilíbrio, proporcionados pela fachada principal composta por três corpos, integrando o central, uma varanda alpendrada à qual se acede a partir de uma escadaria de lanços convergentes. A estes motivos de grande interesse, somam-se no espaço envolvente, fontes de jardim, um tanque, esculturas, azulejos e terreiros, bem como um imponente portal encimado por uma pedra d'armas com motivos eclesiásticos, sendo este, o único elemento visível a partir do exterior dos muros em granito que delimitam a quinta. Lamentavelmente é mais um caso de negligência e de falta de respeito pelo património bracarense, pois esta casa encontra~se há vários anos em estado de degradação completa.

CASA DA ORGE
Situada em Maximinos, é um palacete todo murado, com uma frente majestosa, do século XVIII. Foi construído em 1735, cujo portão de entrada nos oferecia uma bonita roseta talhada em pedra.
Recentemente, foi tentatada a classificação deste edifício setencentista - a Casa da Orge - de indiscutível valor patrimonial, embora não figure como tal no cadastro mandado fazer pela Câmara.
Ultimamente o IPPAR, em 15 de Maio de 2003, tomou a decisão de considerar a viabilidade de "classificação da Casa da Orge" (Processo nº03/03/24(001)CLS/2002), na Freguesia de Maximinos à saída da estrada para Barcelos, por esta casa setecentista, "merecendo protecção específica, se inscreveria na categoria de Imóvel de Interesse Municipal".
Mesmo salvaguardada por medidas cautelares, mesmo em pleno século XXI, onde se afirmam as elevadas responsabilidades políticas do nosso tempo em matéria de cultura, mesmo assim foi demolida em 2007, para dar lugar a outro edifício sem história, sem arte, sem autor e sem futuro.

PALÁCIO DO RAIO
Belo exemplar do rococó, o Palácio do Raio é uma jóia arquitectónica que, segundo Matos Sequeira, lembra uma bela peça de mobiliário. Foi inspirado nas gravuras que nos meados do século XVIII chegaram até Portugal, trazidas do Centro da Europa onde, após o Concílio de Trento, o barroco imperava como moda.
O Palácio do Raio, situado no Largo conhecido pelo mesmo nome, é uma obra atribuída a André Soares. Isto, porque foi feito ou riscado ao mesmo tempo que a Capela de Santa Maria Madalena da Falperra, cuja fachada do mesmo estilo rococó está documentada como sendo obra deste notável arquitecto bracarense. A reforçar esta atribuição, há o facto do Palácio do Raio ter sido mandado construir em 1754-55 por João Duarte de Faria, capitalista, mesário da Confraria de Santa Maria Madalena, altura em que decorriam também as obras de construção da fachada daquela Capela.
A fachada nobre é dinamizada por janelas e varandas de luxuriante recorte. O eixo central é verdadeiramente espectacular de fantasia, com estátuas sobre a varanda, integradas num jogo de curvas múltiplas que nascem junto ao solo e se projectam para o céu através do frontão brasonado, em ornatos indescritíveis.
A portada, ladeada por volutas dispostas em diagonal, compõe-se de nove camadas de elementos, sucessivamente retraídos, que lhe dão uma profundidade teatral. As pilastras emparelhadas dos cunhais e a balaustrada de fogaréus e jarras disciplinam a composição, conferindo-lhe também uma adequada solenidade.
No interior, um amplo átrio serve de entrada para uma escadaria nobre, (semelhante à dos Paços do Concelho, também ela, obra de André Soares), adornada com belos exemplares de azulejos figurativos do século XVIII, com motivos exóticos e de caçadas, idênticos aos do Panteão de S. Vicente de Fora, em Lisboa, e que, como estes, são de cabeceira.
No patamar existe a figura de um mexicano (razão por que esta casa também é conhecida por este nome) que segura um facho de vários lumes. O tecto pintado, e o lanternim (que projecta a sua luz na escadaria), apresentam vários motivos, pinturas sem grande primor ou grandiosidade na sua execução. Todo este conjunto mostra o gosto abrasileirado do seu primeiro proprietário.
O palácio ostenta o brasão do Visconde de S. Lázaro, Miguei José Raio, capitalista brasileiro que o comprou ao seu primitivo dono - João Duarte de Faria, tendo sido a partir de então, que esta casa passou a ser referendada com o nome do seu novo proprietário.
Este belo edifício é actualmente propriedade da Santa Casada Misericórdia de Braga, que o arrematou em praça pública ao Banco do Minho.

CASA DO ROLÃO
A meio da Av. Central sobressai a Casa do Rolão, com uma fachada «rocaille», que traduz uma evolução tranquila da arquitectura tradicional bracarense da época, em direcção ao «rococo». Outro belo exemplar artístico do mestre André Soares. Terá sido construída, entre 1759 e 1765 por um industrial bracarense. A sua fachada, que se encontra actualmente bastante degradada, apresenta assimetria entre as portas das varandas e as portas térreas, o que, de certa forma, lhe confere simetria entre o andar superior e o inferior. Trata-se de um belo exemplar de arquitectura civil do século XVIII, em estilo rococó. A balaustrada tem um vaso decorativo em cada extremo, pormenor que permite distingui-lo facilmente dos prédios próximos. Posteriormente foi acrescentado ao edifício um piso superior recuado, só visível à distância.

A CASA DOS CRIVOS

Esta Casa, situada na Rua de S. Marcos, é uma reminiscência da moda que, “a partir do século XVII, quando o ambiente de excessiva religiosidade fez cobrir as janelas de gelosias que dariam a Braga o aspecto de uma cidade muçulmana” (In Guia de Braga - Arte e Turismo, de Sérgio da Silva Pinto, edição da Câmara Municipal de Braga, 1959).
É um dos raros exemplares que resta de um género de arquitectura que dominou em Braga, nos séculos XVII e XVIII. As janelas de guilhotina, portadas com óculo ou com um pequeno espaço envidraçado e o uso de gelosias davam uma luz coada ao ambiente das salas ‘o respeito conventual de casas de rotulas, coscuvilheiras, por detrás das quais se cocavam vidas alheias” (In «O Ultimo Olhar de Jesus», de Cândido de Figueiredo).
Era de casas deste género que, ao principio da noite, depois do toque das Trindades, no escuro cerrado se ouvia, com lânguido clamor, recitar de janela para janela, a ladainha, o terço e o rosário, ao mesmo tempo que escondidas pelas gelosias, que cobrindo uma espécie de varanda, que avançava na fachada, iam soltando impropérios contra os noctívagos que se aventuravam a correr aquelas soturnas e escuras ruelas. A paga destes opróbios demorava algum tempo. Eram retribuídos para essas janelas encobertas, onde se encontravam as beatas, a ver mas sem serem vistas, durante a Semana Santa, no dia e hora da Procissão dos Fogaréus, a qual, precedida de temeroso bando de arruaceiros vingativos que, embuçados lançavam sobre elas delações infames, insinuações caluniosas, cobardes e impunes que anavalhavam almas pávidas (In «O Ultimo Olhar de Jesus», de Cândido de Figueiredo).

A CASA DOS COIMBRAS
Foi construída conjuntamente com a remodelação e ampliação do "Palacete dos Coimbras", em 1525-1528. A Casa dos Coimbras tem nas suas origens uma construção que já em 1471 servia de residência ao Deão D. Martim Anes, em 1477 ao bispo Titopolis D. Gil e em 1502 ao protonotário apostólico D. Luís Gonçalves Farto. Foi adquirida em 1505 por João de Coimbra, natural de Lisboa e Doutor em degredos. Era, igualmente, Provisor da Mitra de Braga. Esta casa sofreu diversas reconstruções. A primeira por artistas biscainhos presentes em Braga para a execução da capela-mor da Sé Catedral.
Em 1525, D. João de Coimbra manda edificar uma capela privada dedicada a Nossa Senhora da Conceição, que ficará conhecida como Capela dos Coimbras. A capela é da autoria dos mestres biscainhos, habitantes do Palácio dos Biscainhos. A capela possui o formato de uma torre quadrangular, e encontra-se dividida em dois espaços distintos, o galilé e a parte interior. O galilé, com ornamentos manuelinos, é da autoria de Filipe Odarte. A parte interior, da autoria João de Ruão, possui o tradicional altar-mor e as armas de D. João de Coimbra. A capela é coberta por uma abóbada de nervuras, e as paredes possuem imagens, em azulejos, alusivas ao Génesis.
Em 1906, as transformações urbanas ocorridas ditaram a destruição dos edifícios que se localizavam na fachada norte da Rua de S. João, desde a porta da muralha até à então designada Rua do Coelho, tendo o Palacete dos Coimbras sido trasladado para o Largo de Santa Cruz, aberto na mesma altura em virtude do derrube da porta da muralha, passando a ocupar parte do espaço pertencente à muralha medieval.
Os elementos arquitectónicos manuelinos são preservados, o novo edifício é então construído do lado oposto da rua, em continuidade com a capela. A casa dos Coimbras, possui as janelas e as portas do antigo palacete, tendo no entanto sido alterado o formato do edifício manuelino. Foi o arquitecto Vilaça, que projectou em 1924, a Casa dos Coimbras, aproveitando elementos da demolida primitiva construção manuelina, tendo sido reconstruído entre 1926 e 1931, no local onde hoje se encontra.

PALACETE DOS VILHENA COUTINHO
Peculiar casa nobre da segunda metade do século XVIII, delineada por Carlos Amarante, anexa à qual existem duas casas de traça setecentista que proporcionam um harmonioso sentido de conjunto (completado pela Igreja e Convento do Pópulo).

CASA DO IGO

Remonta ao século XVIII. Edificada pelos cónegos regrantes de Santa Cruz de Coimbra para servir de hospício. Foi leiloada, em 1834, e vendida novamente em 1872. Chegou a ser o «Hotel do Igo». É uma casa emblemática do Campo das Carvalheiras, no qual, também, se destacam a Casa do Pimentel e o cruzeiro seiscentista do Arcebispo D. Afonso Furtado de Mendonça.

 

CASA DA RODA

Imóvel no Século XVI, porventura a última casa da roda dos expostos de Braga (funcionou até 1897), a sua evidencia construção a reutilização de materiais mais antigos, que lhe conferem grande originalidade, vislumbrando-se um carácter renascentista de tom Florentino.

A CASA CUNHA REIS
Ou Casa Grande foi mandada construir no século XVIII, por D. António Alexandre da Cunha Reis Mota Godinho.
Trata-se do edifício mais marcante no Campo das Hortas, fechando o largo, no lado aposto à Porta Nova. Percebe-se que, na época da sua construção e depois, terá dominado todo aquele espaço com o seu aspecto imponente.
É um exemplar de arquitectura civil barroca, com dois pisos. A fachada apresenta duas portas e cinco janelas gradeadas no piso térreo e sete janelas com sacada no piso superior. O conjunto é rematado por um frontão triangular e uma balaustrada com dois vasos de coroamento nas extremidades.
A casa acolheu, em 1852, o rei D. Fernando, marido de D. Maria II, os príncipes e o Duque da Terceira, durante uma visita a Braga.

A CASA OU SOLAR MACIEL ARANHA
Também conhecido como Casa do Gato Bravo, é um solar situado na Praça Conde de Agrolongo, em Braga.
A entrada possui ainda a pedra d'armas onde estão as insígnias dos Maciel e Aranha.
O edifício está classificado como imóvel de interesse público desde 22 de Novembro de 1971.
Trata-se de um palacete barroco do segunda metade do século XVIII, da autoria do Arquitecto Carlos Amarante com planta em "U". O edifício tem dois pisos e possui uma varanda coberta que se dispõe ao longo das três fachadas em torno do pátio interior. O conjunto é fechado por um muro com portal que dá para o Campo da Vinha, nas proximidades do Convento do Pópulo.
Ao lado, mais próximas do convento, existem duas residências, também recuperadas, que formam com a Casa dos Maciéis Aranhas um belo conjunto. São construções simples, com escada de granito que conduz a um pequeno alpendre.

CASA DO PASSADIÇO
Cujo peculiar nome advém de uma passagem pública que se fazia através dos seus domínios. A fachada setecentista encerra um admirável e original trabalho de cantaria a nível das guarnições dos vãos.

CASA DE INFIAS OU VALE DE FLORES
Trata-se de um solar do final do século XVII, de planta em "U", situado junto a uma das saídas da cidade, próximo da Escola Secundária Sá de Miranda e da Igreja de S. Vicente. Apesar de já apresentar alguns elementos específicos do estilo barroco, ostenta ainda alguns traços renascentistas. Uma das alas laterais integra uma capela, na qual uma inscrição refere que foi mandada erigir, em 1687, por João Borges Pereira Pacheco, fidalgo de Sua Majestade, o qual se encontra sepultado no interior da capela. Trata-se de um belo exemplar da arquitectura civil seiscentista.

CASA DA TORRE OU DE S. SEBASTIÃO DAS CARVALHEIRAS

Uma das dez torres e torrões que integravam a muralha medieval e que constam da planta Geogius Braun de 1594. A casa que lhe está adossada é do século XVIII.
Casa setecentista, com ampla fachada rasgada por dez janelas de varandas emolduradas por granito. Nas portas, realce para o revestimento em granito com motivos decorativos e para a pedra de armas. Localiza-se no Largo Paulo Orósio.

CASA DOS FERRAZES
“Símbolo” dos portugueses regressados do Brasil, os chamados Brasileiros, insere-se num tipo de arquitectura difundida em Braga nos finais do século XIX e princípio do século XX, marcada pela exuberância e excesso, de uma tipologia cultural importada.